Ataques do governo Bolsonaro a mulheres jornalistas são denunciados ao Conselho de Direitos Humanos da ONU nesta terça-feira

O Brasil estará mais uma vez com um destaque negativo perante a comunidade internacional: os ataques do governo Bolsonaro a mulheres jornalistas estão sendo denunciados nesta terça-feira (07/07) por um amplo grupo de organizações da sociedade civil durante a 44º sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU).

A violência contra mulheres jornalistas está no foco do documento apresentado pela  relatora especial das Nações Unidas sobre a Violência contra a Mulher, suas Causas e Consequência, Dubravka Šimonovic, que aborda ferramentas frequentemente usadas para desonrar, desacreditar e humilhar as jornalistas. 

Um dos casos apresentados pelas organizações brasileiras é o de  Bianca Santana, jornalista que, em maio, foi acusada pelo Presidente da República de escrever ‘fake news’ na mesma semana em que escreveu um artigo sobre a relação entre familiares e amigos de Bolsonaro com os acusados ​​de assassinar a vereadora Marielle Franco.

Em depoimento que será exibido durante a sessão que acontece entre 10h e 12h (horário de Brasília), a jornalista apresenta a denúncia apoiada por um grupo de organizações e coletivos de comunicação e dos movimentos negro e feminista: desde o início do atual governo, as jornalistas foram atacadas pelo Presidente ou seus ministros por, pelo menos, 54 vezes¹, um número sem precedentes na história recente do país. “O Estado brasileiro tem a obrigação de garantir um ambiente seguro para as mulheres jornalistas”, reforça Bianca Santana.

As organizações apontam também a gravidade de um cenário em que agressões são reafirmadas, legitimadas e praticadas por autoridades públicas, inclusive pela cúpula do governo federal, violando obrigações assumidas internacionalmente pelo Estado brasileiro. Os casos, que articulam declarações públicas, ataques virtuais e consequências concretas na vida e na saúde de mulheres comunicadoras, criam um ambiente ainda mais hostil para o exercício da atividade profissional das jornalistas,  para a liberdade de imprensa e para a participação de mulheres no espaço público. 

O depoimento de Bianca Santana à ONU é apoiada pelas seguintes organizações: Agência de Notícias Alma Preta, Artigo 19, Casa Neon Cunha, Coalizão Negra por Direitos, Cojira-SP – Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de São Paulo, Fenaj –  Federação Nacional dos Jornalistas, Instituto Marielle Franco, Geledés – Instituto da Mulher Negra, Gênero e Número, IDDH –  Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos, Instituto Vladimir Herzog, Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, Marcha das Mulheres Negras de São Paulo, Rede Nacional de Proteção a Comunicadores, Repórteres Sem Fronteiras, Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, SOF – Sempreviva Organização Feminista, Terra de Direitos, Uneafro Brasil.

 

 

Leia Também:

Por que fui citada por Jair Bolsonaro?


¹ Dados coletados pelo escritório brasileiro da Artigo 19.

+ sobre o tema

O machismo, o feminismo e as diferenças geracionais

Pesquisa para questionar masculinidades tóxicas e machistas e reconstruir...

SOS Corpo lança livro sobre teorias materialistas do patriarcado

O SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia,...

“Você quer ser mulher? Então vai apanhar como mulher”, dizem agressores a Gabe

Depois do segundo ataque que sofre este ano, o...

Mulheres negras nos quadrinhos: Jackie Ormes, você não conhece? Mas deveria

Se hoje já conseguimos acabar com essa ideia de...

para lembrar

A novas Marielles

A mãe da socióloga Flávia Pinto, candidata a deputada federal pelo...

Não sou uma mulher? Mulheres negras, gente ou bicho?

“Aquele homem ali diz que mulheres têm que ser...

A Casa dos Homens e o Coletivo 2° Opinião – Opinião de quem faz parte

O processo de construção da peça ‘A Casa dos Homens’ é...
spot_imgspot_img

No DR com Demori, Cida Bento debate a desigualdade racial no Brasil

O programa DR com Demori, da TV Brasil, recebe nesta terça-feira (13) a psicóloga e escritora Cida Bento, que já figurou entre as 50...

Esperança Garcia: quem foi a escravizada considerada a 1ª advogada do Brasil

Acredita-se que Esperança Garcia, uma escravizada que vivia em fazenda localizada a 300 quilômetros de onde hoje é Teresina, no Piauí, tivesse apenas 19 anos quando escreveu...

Prêmio Faz Diferença 2024: Sueli Carneiro vence na categoria Diversidade

Uma das maiores intelectuais da História do país, a escritora, filósofa e doutora em educação Sueli Carneiro é a vencedora na categoria Diversidade do...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.