No dia 11 de dezembro passado, foi realizada uma audiência pública na Assembléia Legislativa de São Paulo para questionar a imagem (distorcida e negativa) da mulher negra construída pelos meios de comunicação de massa. A iniciativa do evento partiu de duas entidades do movimento negro, o Coletivo Quilombação e a União de Negros pela Igualdade de São Paulo (Unegro/SP) junto com o SOS-Racismo e o gabinete da deputada estadual Leci Brandão (PC do B), contando com apoio ainda do Samba Autêntico e da UBM (União Brasileira de Mulheres).
Por Dennis de Oliveira no Quilombo
A audiência tinha como objetivo construir uma rede de apoio para ações que devem ser tomadas contra as constantes agressões à imagem da mulher negra feita pelos meios de comunicação hegemônicos, sendo que o último caso foi o seriado “O Sexo e as Nega”. A presidenta da Unegro/SP, Rosa Anacleto, tomou a iniciativa de buscar a Comissão de Combate ao Racismo da OAB/SP para que se viabilizasse uma ação judicial contra a Rede Globo por conta do seriado. Tendo em vista a necessidade de que uma ação como esta necessita de apoio político, propôs a realização de uma audiência pública na Assembléia Legislativa, que foi aprovada pela Comissão de Direitos Humanos deste parlamento.
Participaram da mesa a blogueira Charô Nunes, da rede Comunicadoras Negras, que tem protagonizado várias ações contra o seriado da Globo; Ana Flávia, do Centro Barão de Itararé, que falou da campanha pela aprovação do Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Democratização da Mídia; Mara Vidal, da Agência Patrícia Galvão, que falou sobre o histórico da ação da mídia na construção dos estereótipos negativos contra as mulheres negras e Tatiana Oliveira, mestra pela USP e da comissão política do Coletivo Quilombação, também membro da rede de Comunicadoras Negras, que comentou sobre suas pesquisas sobre mídia, racismo e machismo.
Depois das falas, foi aberto a fala ao público que reafirmaram a posição crítica contra a mídia. Destaque para o vídeo apresentado pelo Levante Popular da Juventude do escracho feito na sede da Globo em São Paulo como protesto contra o seriado “O Sexo e as Nega”. No final, foram apresentadas por este blogueiro as seguintes propostas:
– Participação do movimento negro na campanha pela aprovação do Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Democratização da Mídia. (clique aqui para saber mais);
– Lançamento desta campanha do movimento negro na Assembléia Legislativa em uma sessão no próximo ano;
– Campanha de denúncia das posturas racistas da Globo no ano que vem quando a emissora completa 50 anos. “50 anos de Globo, 50 anos de racismo e machismo”.
– Constituição no âmbito do SOS Racismo de um serviço de monitoramento da mídia nos mesmos moldes da campanha “Quem financia a baixaria, é contra a cidadania” (clique aqui para ver).
– Propor uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir este tema e as renovações de concessão dos canais de televisão e rádio.
A deputada estadual Leci Brandão que presidiu a audiência pública considerou que o problema é grave e que as propostas apresentadas eram “fortes, mas necessárias diante da gravidade da situação”.