Bailarina carioca é primeira solista de balé em Nova York: ‘Me senti acolhida’

Nos Estados Unidos há sete anos, Ingrid Silva conta que lá o preconceito é menor: ‘No Brasil, não conheço nenhuma bailarina negra no balé clássico’

Filha de uma empregada doméstica e de um funcionário aposentado da Força Aérea, a carioca Ingrid Silva, de 26 anos, está vivendo uma história de conto de fadas. No Encontro desta quarta (6/5), ela contou que depois de muito esforço e de passar por momentos de racismo está se destacando no Dance Theatre of Harlem, uma das companhias de balé de Nova York, onde ela está há sete anos. A bailarina ainda viu seu rostinho estampado em vários cartazes pelos metrôs da cidade em sua última temporada.

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Nas companhias de balé quase que a totalidade dos integrante é composta por bailarinos brancos. Questionada sobre o assunto, a jovem carioca disse que racismo existe em qualquer lugar. “Qualquer profissão está além de sua raça, cor ou qualquer coisa. Tem bailarinas negras? Não. São raras. No Brasil, eu não conheço nenhuma bailarina negra no balé clássico. Mas no Dance Theatre of Harlem, eu me senti acolhida. Foi uma das primeiras companhia de negros nos Estados Unidos. Fui para um lugar que fui bem recebida. Lá, você aprende a dança e cresce como ser humano. Ser a única negra em todas as aulas, lá no início, não era nenhum obstáculo. Tinha racismo, sim. Mas isso nunca me impediu de dançar”.

A jovem comentou ainda algumas estratégias para se adaptar à estética da dança, muito voltada para as alunas brancas, como a venda apenas de sapatilhas cor-de-rosa, que causam um contraste muito grande com o seu tom de pele. “Pego um make up, que a gente compra lá, pinta a sapatilha e a fitinha com essa maquiagem que seria para o rosto, de base líquida. Já a meia calça, tem em nosso tom de pele”, disse Ingrid, que também aprendeu a fazer um coque de um jeito natural mantendo seu cabelo no estilo black quando solto.

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Com visto negado aos Estados Unidos, a mãe da bailarina, a empregada doméstica Maurnei Oliveira, contou qual o seu maior desejo: “Meu sonho é conseguir vê-la dançando no palco.” A mãe da estrela do balé já assistiu a ensaios da filha, mas não pôde ter o prazer de vê-la brilhando durante um espetáculo da companhia novaiorquina.


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