Cadê os Yanomami?

em roraima, na região de waikás, uma grupo de 24 indígenas desapareceu na floresta, deixando pra trás a comunidade em chamas.

pra onde foram, por quê foram; sumiram ou foram sumidos?

tudo aconteceu no último dia 25, logo após a comunidade ser invadida e atacada por garimpeiros. 

os sujeitos violentaram brutalmente uma menina de 12 anos, levando a pequena à morte.

em seguida, os violadores sequestraram uma mulher, com o seu filho de três anos de idade; a criança, veja que brutalidade, foi jogada no rio, segundo relato de júnior hekurari yanomami, liderança indígena que publicou um vídeo nas redes sociais denunciando o crime.

pode ser que a comunidade tenha fugido em desespero para não ser exterminada.
são muitos, e cada vez maiores, os relatos de ataques brutais contra indígenas. 
o terror, o pavor, o pânico e o medo são armas psicológicas utilizadas pelo macho branco desde que este câncer da terra aportou por estas paragens. 

há mais de 500 anos temos visto essa cena se repetir, ininterruptamente, e se alastrar como uma metástase: de forma brutal e covarde, homens fortemente armados, com armas de fogo, matam os povos originários sem piedade, ou obrigam indígenas a se esconderem nas regiões mais profundas da floresta para não serem assassinados.

os exploradores gananciosos não têm escrúpulos: mandam e desmandam, matam e desmatam.

as terras, e isso parece um imperativo, deve estar apenas nas mãos do macho branco.
por isso, os quilombos estão sempre sob vigilância, por isso os quilombolas lutam, por séculos, para terem a posse de um pequeno pedaço de chão.

é por isso que morrem tantas lideranças comunitárias, por esse motivo matam os que defendem a floresta, é por essa razão que as mulheres quebradeiras de coco babaçu vivem sob a ameaça constante de fazendeiros e grileiros.

é por essas e outras que os brancos gananciosos odeiam tanto os indígenas: “eles têm terras demais e são preguiçosos”, dizem os preguiçosos que parasitam crianças, animais e máquinas para trabalharem pra eles.

mesmo as terras demarcadas estão sob a mira dos assassinos.

e agora eles têm um governo que os apoia, têm parlamentares que incentivam a brutalidade, têm instituições que fazem vista grossa às agressões que os povos da floresta, e a própria floresta, vêm sofrendo cotidianamente.

o macho branco, quando invade uma terra, antes de colocar uma cerca, ele destrói tudo o que encontra: toca fogo nas matas, polui os rios, mata tudo o que nada, voa, rasteja, fornece sombra e garante a vida.

a morte do “outro”, o assassínio, é a cachaça do macho branco.
em seguida eles vão a uma igreja, fazem um teatro místico, depositam umas moedas na sacola de espórtulas e dormem com os bolsos cheios e a consciência tranquila.

estupraram uma menina de 12 anos, jogaram uma criança de 3 anos dentro de um rio…
dói, cara, isso dói pra caralho!

isso fode a alma de quem tem alma; dilacera o coração de quem tem coração!
lembro-me da pequena madeleine mccann, uma criança de 4 anos, branca e britânica, que desapareceu em portugal no ano de 2007. 

o  mundo ficou em pânico: será que estupraram a pequena, será que está viva, será que passa frio e fome, será…

o planeta terra se mobilizou para procurar a criança, os principais meios de comunicação do mundo, fizeram desta a sua notícia principal.

ilze scamparini, do alto de um telhado, chorava a perda da infante.

é triste o que aconteceu com madeleine, mas por que diabos é menos triste o que aconteceu com os yanomami, por que diabos a comoção é menor?

cadê os yanomami?

desapareceram ou foram desaparecidos; por quê?

é preciso gritar com todas as forças e gritar sempre: vidas indígenas importam, porra!
palavra da salvação.

** ESTE ARTIGO É DE AUTORIA DE COLABORADORES OU ARTICULISTAS DO PORTAL GELEDÉS E NÃO REPRESENTA IDEIAS OU OPINIÕES DO VEÍCULO. PORTAL GELEDÉS OFERECE ESPAÇO PARA VOZES DIVERSAS DA ESFERA PÚBLICA, GARANTINDO ASSIM A PLURALIDADE DO DEBATE NA SOCIEDAD

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