Campanha para eleição à reitoria da Uneb tem chapa liderada por uma doutora negra
Por Emanuele Pereira enviado para o Portal Geledés
No mês de agosto foi dada a largada às campanhas para as eleições de reitor e vice-reitor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), que ocorrerá no dia 03 de outubro deste ano. Nesta corrida três chapas concorrem à gestão de 2018 a 2021, são elas: a chapa “Somos Todos UNEB” liderada pelo atual reitor que concorre à reeleição José Bites e o vice- Reitor Marcelo Ávila, a chapa “Novos Caminhos UNEB, diversidade e participação” composta por Valdélio Santos Silva e a sua vice-Reitora Márcia Guena e “A UNEB com a nossa cara”, liderada por Carla Liane e vice-Reitor Joabson Figueredo. Caso seja eleita Carla Liane será a primeira reitora doutora e a segunda mulher negra a pleitear esta função.
Desafios e propostas da Chapa “A UNEB com a nossa cara”
A campanha da chapa liderada pela doutora Carla Liane, traz inovação para a campanha com com a criação da primeira a plataforma colaborativa a qual permite a construção das propostas para a gestão pleiteada. Todos os três segmentos docentes, técnicos e discentes, podem sugerir ações que a futura gestão deve se nortear para gerir cada Campi da Uneb. Com isso essa ação nesse Projeto Participativo possibilita um alinhamento das necessidades de cada Campus, e entende as suas particularidades e cultura a partir do sujeito que convive com as dificuldades locais. A plataforma colaborativa promove a inovação digital na Uneb e interação com a comunidade acadêmica. A chapa sinaliza nos debates a necessidade de uma gestão digital que utilize os aparatos tecnológicos em prol da qualidade da prestação dos serviços e otimização de tempo.
“Esta não é qualquer Universidade. É a maior e principal Universidade do Estado da Bahia, aquela que teve a coragem de levar para o interior os cursos de formação de professores. Aquela que desenvolve pesquisa e extensão. É por isso que temos compromisso com os pilares da Universidade e temos compromisso também com a qualificação da gestão universitária”, afirmou Carla Liane, candidata à reitoria.
Para ela a gestão universitária precisa representar a coletividade da Universidade e necessita que a Universidade seja colocada a serviço do povo. “Precisamos colocar a UNEB pra dialogar com os bairros, com os diferentes territórios de identidade. Temos que defender que as Universidades sejam sem muros, elas estejam a serviço da nossa sociedade.”
Princípios da Gestão
Reafirmar a UNEB como universidade pública, gratuita, e de qualidade e enquanto instância estratégica para o desenvolvimento do Estado da Bahia;
Defender a autonomia universitária, como forma de garantia do cumprimento da missão da universidade;
Reforçar fortemente as iniciativas junto ao governo do Estado e Assembleia Legislativa visando o aumento real do repasse financeiro para as estaduais, passando de 5% para 7% da receita líquida dos impostos;
Fortalecer as parcerias, a partir da relação da Universidade com os movimentos sociais internos e externos, demais esferas da sociedade civil e do poder público;
Alcançar Excelência acadêmica na formação de profissionais, na produção e difusão do conhecimento, no fomento da cultura;
Garantir da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, pilares essenciais da universidade;
Construir uma universidade humanizada, com valorização e respeito aos servidores (docentes, analistas e técnicos) e suas aptidões, com política de formação e valorização da carreira desses segmentos estimulando seu engajamento na academia;
Priorizar o segmento estudantil, razão de ser da universidade, com programas de apoio integral, garantindo a permanência com qualidade e inclusão social e produtiva;
Defender a política de ações afirmativas, de gênero, de acessibilidade;
Pautar a gestão no diálogo e participação permanentes com todos os segmentos, descentralização e transparência nos processos decisórios, repactuando ambientes de discussão e planejamento;
Fomentar uma universidade plural, valorizando a cultura em seu aspecto formativo, com respeito à diversidade e à liberdade e o compromisso com a inclusão;
Garantir a eficiência no planejamento, gestão, processos e procedimentos administrativos e execução orçamentária e financeira com vistas à sustentabilidade e à garantia da realização das atividades-fim;
Investir maciçamente em tecnologias, como apport fundamental para o avanço com qualidade das atividades de pesquisa, pós graduação, ensino, extensão e gestão.
Consolidar o compromisso com o desenvolvimento dos territórios de identidade da Bahia, prezando pela responsabilidade social e ambiental, com uma comunicação eficaz e eficiente, reforçando a proposta dos Pólos Acadêmicos Regionais;
Quem é Carla Liane Nascimento Dos Santos?
Carla Liane é uma mulher negra, mãe, nascida e criada na periferia de Salvador. Filha de Sr. José Carlos dos Santos e D. Maria Luiza Nascimento dos Santos. O pai foi feirante e a mãe ajudava sua avó que era lavadeira de ganho. À custa de muito sacrifício ambos conseguiram estudar, superar dificuldades e conquistar inserção profissional. Serviram de inspiração para a filha, que se doutorou em Ciências Sociais pela UFBA e se especializou em Direito Constitucional do Afrodescendente pela UNEB. Em verdade, a mulher negra que se movimenta, realmente impacta na estrutura social, como ressaltado por Ângela Davis. Ingressou na UNEB em 2003, como professora substituta no município de Seabra, Campus XXIII.
Em 2005, aos vinte e seis anos, foi aprovada como professora efetiva. Dali em diante, esta jovem se tornou uma liderança respeitada pelo seu idealismo, coragem e competência, mas também pela sensibilidade e cuidado no trato com as pessoas. Fez aperfeiçoamento IGLU em Gestão Universitária para Líderes, organizado pela UFSC e Organização Universitária Interamericana, no Canadá (OUI). Atuou na Pró Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, onde compôs a equipe de criação e aprovação do Centro de Pesquisa em Educação e Desenvolvimento Regional, CPEDR, submetido ao Edital FINEP/CT-INFRA. Atuou como assessora de Programas e Projetos Especiais na Pró-Reitoria de Planejamento (PROPLAN) onde participou da reorganização administrativa da universidade e contribuiu para a estruturação de documentos de planejamento como o PDI, o Plano Estratégico e o Plano de Metas; foi gerente de Extensão, na Pró-Reitoria, onde coordenou importantes programas. Foi diretora do Departamento de Educação, Campus I, onde iniciou uma política de acessibilidade tecnológica. Nesse período compôs a Coordenação Executiva do Fórum de Diretores e Diretoras da UNEB.
Hoje exerce o cargo de vice-reitora. É professora permanente do Programa de Pós–Graduação em Tecnologias Aplicadas à Educação (GESTEC), assumindo a cadeira de Pesquisa Aplicada e Métodos, e Programa de Pós-Graduação em Educação de Jovens e Adultos (MPEJA), onde assume a cadeira de Cidadania e EJA. Pesquisadora associada do Centro de Pesquisa em Educação e Desenvolvimento Regional (CPEDR- UNEB). Filiada à União Brasileira de Mulheres (UBM) e a União de Negros pela Igualdade (UNEGRO). Coordenou projetos da Associação Nacional dos Advogados Afrodescendentes (ANAAD), organização fundada por seu pai. Lidera o grupo de pesquisa, Interculturalidades, Gestão da Educação e Trabalho – InterGesto, é vice-lider do Grupo de Pesquisa Educação, Etnicidade e Desenvolvimento Regional e membro do Grupo Direitos Humanos e Interculturalidade – GREDHI. Organizadora de quatro livros; Autora de cinco artigos em periódicos indexados; coautora de quatro livros; publicou quinze resumos e oito trabalhos completos em anais de congressos nacionais e internacionais; apresentou trinta e uma comunicações em congressos. Orientou nove bolsistas de iniciação científica. Coordenou três projetos de pesquisa financiados. Implantou o Observatório da Gestão Universitária Multicampi na UNEB, com foco na formação e pesquisa na área de gestão. Concluiu a orientação de oito trabalhos de mestrado e orienta outros dez trabalhos. Recebeu quatro homenagens, a Comenda Maria Quitéria, o Prêmio Alice Botas, o prêmio Lélia Gonzalez e a condecoração Luiza Mahin pela sua atuação de destaque como educadora e militante das causas sociais.
Quem é Joabson Lima Figueiredo?
Joabson Figueiredo nasceu em Santo Amaro. Filho de Cícero Figueiredo e Eunice Alves Lima. O pai era mecânico e a mãe professora de educação primaria. Esta teve grande influência na sua vida pelo exemplo de mulher de luta, sindicalista e que fazia do ambiente familiar um local de partilha e de vivências sobre temas sociais. Caçula de três irmãos, foi o único a cursar a faculdade. Tem quase vinte anos de carreira docente. Começou atuando como professor na rede municipal de Santo Amaro, Conceição do Jacuípe, Amélia Rodrigues, já aos dezenove anos.
Licenciado em Letras pela Universidade Estadual de Feira de Santana e especialista em Estudos Literários pela mesma instituição. Mestre também pela UEFS em Literatura e Diversidade Cultural. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura da Universidade Federal da Bahia. Foi professor visitante da Universidade do Estado da Bahia, campus XXIII, e atualmente é professor efetivo, campus XVI, Irecê. Pesquisador em Literatura baiana. Coordena projeto de pesquisa sobre literatura baiana. Faz parte da comissão executiva e editorial da Revista Seara Virtual. Ex-coeditor da Revista Literatura e Diversidade Cultural. Foi coordenador do Núcleo de Pesquisa e Extensão da UNEB, campus XXIII e do campus XVI. Foi coordenador do colegiado do curso de Letras da UNEB, DCHT XVI e atualmente diretor eleito para o biênio 2014-2016. Coordena um projeto de pesquisa e dois projetos de extensão. Professor homenageado do Campus de Irecê, pela capacidade, empenho e sabedoria na docência. Tem cinco textos publicados em jornais, artigos publicados em revistas, capítulo de livro; cinco trabalhos publicados em anais de congressos,; vinte e seis trabalhos apresentados em congressos; Treze orientações concluídas de especialização; Vinte e oito orientações concluídas de graduação; três orientações de iniciação científica em curso.
Mais informações sobre as propostas acesse: http://www.nossacara.org/
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