por Kate Taylor
No fim dos anos 70, quando Lonnie G. Bunch III teve seu primeiro emprego no Museu Nacional do Ar e Espaço, os veteranos do grupo de aviadores negros Tuskegee acusaram o museu de minimizar suas contribuições durante a Segunda Guerra Mundial.
Em resposta, o museu pediu que alguns de seus funcionários afroamericanos permitissem que seus rostos fossem usados em manequins, aumentando a “presença negra” em suas exposições. “Eu não aceitei”, disse Bunch. “Não é daquele jeito que eu gostaria de fazer parte de um museu”.
Trinta anos depois a história de Bunch e de todos os afroamericanos faz parte de um museu Smithsonian, mas de uma maneira muito diferente. Como diretor do Museu Nacional de História e Cultura Afroamericana, Bunch, 58 anos, é responsável por criar uma instituição que encarne a história de vida dos negros nos Estados Unidos.
A pressão não poderia ser maior. Para ser inaugurado em 2015, num edifício de US$500 milhões desenhado para evocar a arte de um antigo reino do oeste africano, o museu vai estar no centro geográfico da identidade cívica americana, no Passeio Nacional.
O impulso para criar um museu nacional negro no Passeio Nacional data de 1915, quando um grupo de veteranos negros propôs que um memorial fosse construído no local. O Congresso aprovou a ideia em 1929, mas recusou-se a financiar o projeto.
Lobby
No fim dos anos 60, o lobby de James Baldwin, Jackie Robinson e de outros negros de destaque não chegaram a lugar nenhum.
Até o fim dos anos 80, inúmeros museus de história afroamericana foram inaugurados em outras cidades, segundo a Associação de Museus Afroamericanos.
Depois que o Congresso autorizou a construção efetiva do museu em 2003, outra batalha precisou ser travada. Grandes órgãos de planejamento se opuseram à construção de outro museu no Passeio Nacional. Para seus apoiadores, qualquer outro local parecia conceder-lhe um status de segunda classe. O Smithsonian escolheu um terreno entre o Museu Nacional de História Americana e o Monumento de Washington.
Até agora, o museu adquiriu aproximadamente 11 mil objetos por doação e compra. Bunch planeja adquirir outros 20 mil antes de sua abertura, em um prédio do arquiteto tanzaniano David Adjaye, desenhado para evocar uma antiga coroa de uma escultura iorubá.
O museu adquiriu o caixão de vidro no qual Emmett Till foi sepultado, o vestido que Rosa Parks estava costurando quando ela foi presa, e fotografias, um hinário e um xale de renda que pertenciam a Harriet Tubman.
Durante a eleição presidencial de 2008, o museu fez um grande esforço para coletar itens relacionados à histórica campanha de Barack Obama.
Orçamento
Bunch deve arrecadar metade do orçamento de US$ 500 milhões para a construção. Seu conselho consultivo inclui nomes como Oprah Winfrey, Richard D. Parsons, presidente do Citigroup, e Robert L. Johnson, fundador da emissora Black Entertainment. O orçamento anual de funcionamento do museu é de US$ 13 milhões e deve aumentar para cerca de US$ 40 milhões até sua abertura.
“Haverá algumas pessoas que ficarão desapontadas”, previu Bunch. Ele disse, no entanto, que irá considerar o museu um sucesso “se conseguir casar investimento com uma compreensão do que os nossos visitantes sabem, querem e esperam”.
Então ele invocou uma outra audiência. “Se meus ancestrais estiverem sorrindo, então eu saberei que fizemos um bom trabalho”, disse.
Fonte: IG