Instituição americana avaliou o nível de diversidade em cargos de liderança como preocupante e planeja incentivar empresas a mudarem suas práticas de conscientização
A falta de representatividade de minorias na moda não é uma questão de hoje. Mas o CFDA (The Coucil of Fashion Designers of America) quer colocar a mão na massa. Um relatório divulgado nesta segunda-feira (7) pela instituição mostrou o estado das coisas em relação à diversidade na indústria e chamou atenção para a falta de representatividade de minorias nos cargos de alto escalão.
Intitulado “Insider / Outsider”, o relatório descreve como a liderança das empresas geralmente não inclui grupos historicamente desfavorecidos – incluindo minorias raciais, mulheres e a comunidade LGBTQ. De acordo com o levantamento, essa falta de diversidade torna-se autoperpetuante, pois esses “outsiders” têm dificuldade em afirmar sua influência.
Em resposta ao relatório, a CFDA – que é uma associação comercial sem fins lucrativos dedicada a apoiar o crescimento da moda americana — planeja lançar uma série de iniciativas para promover diversidade e inclusão, e contratou a modelo e ativista Bethann Hardison como consultora.
“É a nossa esperança a partir deste briefing que podemos responsabilizar a moda americana por ser inclusiva e diversificada”, disse Steven Kolb, CEO da instituição. Ele acrescentou que o CFDA não pode forçar as empresas a mudarem suas práticas, mas “podemos ter certeza de que estamos falando sobre isso e a indústria está ouvindo e participando, certificando-se de que nossos membros estejam participando de nossos programas e tenham acesso a essas informações”.
Viés inconsciente
Segundo o relatório, a situação de desigualdade na indústria são fruto de um preconceito inconsciente, que faz com que as pessoas gravitem em torno de outros que lhe são similares. Para o CFDA, quebrar esse ciclo seria a reposta para uma indústria mais inclusiva.
O grupo PVH – que é dono de marcas como a Calvin Klein — criou conselhos de inclusão e diversidade para impulsionar a representação e combater o preconceito inconsciente em 2014, segundo informa o site Business of Fashion. No ano passado, a empresa lançou um programa de educação em torno do movimento #MeToo.
“Representar minorias no nível da liderança é importante, porque só isso capacitará todos os funcionários”, disse Jason Rembert, um stylist que falou em um painel de um evento da CFDA em outubro, que serviu como uma espécie de precursor do relatório. Na ocasião do encontro, 60% dos participantes disseram que avaliam o compromisso de suas empresas com a inclusão e a diversidade como três entre cinco pontos.