Em entrevista à Marie Claire, a escritora nigeriana faz uma análise sobre o racismo institucionalizado no Brasil e reflete sobre a guinada à direita: “É importante lembrar que o Brasil é um país de imigrantes. Se tivéssemos essa mesma retórica [de preconceito] antes, o presidente do país provavelmente nem estaria lá”
no Marie Claire
A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, uma das principais feministas e pensadoras da atualidade, é capa e recheio da edição especial de aniversário de Marie Claire.
Nos bastidores, Chimamanda bateu um papo conosco sobre a evolução de suas obras. “Eu aprendi lendo histórias que todos os seres humanos são falhos. Não somos perfeitos e não temos que ser”, pontua.
“Eu não sabia que era negra até ir para os Estados Unidos. Eu não me entendia como negra porque na Nigéria todo mundo é negro”, diz ela, ao refletir sobre o racismo que sofreu quando chegou em outro continente. Isso, também, a fez entender como o fato de ser negro era mais que a cor da pele, e sim uma identidade política.
Quando traça um paralelo com o Brasil, Chimamanda faz questão de ressaltar que aqui há um problema seríssimo de racismo estrutural e institucionalizado. “Parece, para mim, que, no Brasil, quanto mais alto você vai, mais invisíveis as pessoas negras são.”
GUINADA À DIREITA
“O mundo está guinando para a direita e isso me deixa triste”, lamentou a escritora. “A razão de me deixar triste é que os líderes estão começando a normalizar uma retórica cruel na qual imigrantes são desumanizados. É importante lembrar que o Brasil é um país de imigrantes. Se tivéssemos essa mesma retórica antes, o presidente do país provavelmente nem estaria lá.”