Cícero Albuquerque: “A violência policial tem como alvo a população pobre, negra e de periferia”

“A violência policial tem como alvo a população pobre, negra e de periferia”, reage o sociólogo Cícero Albuquerque, professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e militante da defesa dos direitos humanos. Ligado ao movimento pastoral da Igreja Católica, ele está dando apoio à família do adolescente José Wanderson Azarias, tentando evitar que o crime fique impune. 

“Estamos diante de um fato de imensurável gravidade. Um adolescente de 14 anos foi executado. A sociedade não pode ignorar isso”, disse ele, anunciando que vai levar a família do adolescente morto e dos rapazes espancados às instâncias legais para que sejam adotadas as providências necessárias. O Conselho Tutelar de Atalaia também será chamado a se juntar às entidades da sociedade civil que estão se unindo para assegurar que o crime seja apurado.

Para o sociólogo, esse caso de Atalaia é significativo e mostra claramente a postura racista dos militares que estão nas ruas fazendo o policiamento ostensivo. Um dos adolescentes agredidos, cujo nome de batismo é o mesmo de um cantor famoso, foi humilhado pelos policiais ao se identificar. “Onde você já viu negro com nome de artista, seu filho da p…”, teria dito o militar, ao mesmo tempo em que estapeava o rosto do adolescente.

 


Vítimas relatam casos de truculência

Por: BLEINE OLIVEIRA 
 
Os casos de violência policial se sucedem. Vão dos assassinatos, como no caso de José Wanderson Azarias, a espancamento e ameaças. Foi assim com E.J.V.P.F., de 22 anos, residente na cidade de Chã Preta. Ele declarou, na Comissão de Direitos Humanos da OAB, que no dia 12 de março caminhavacom a namorada quando foi abordado por cinco PMs. Para fazer a revista pessoal, conta o rapaz, os policiais lhe obrigaram a colocar as mãos numa cerca de arame farpado. 

Como se recusou, dizendo que colocaria as mãos na cabeça, E.J.V.P.F. foi barbaramente espancado, com socos, coronhadas e tapas. O rapaz garantiu, no depoimento, que não tem antecedentes criminais e nem envolvimento com quaisquer ilícitos, por isso se surpreendeu com a truculência da guarnição, comandada por um soldado conhecido na cidade como “Rambo”.

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Fonte: Gazeta de Alagoas

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