Cinco anos sem Marielle e Anderson: investigação sem respostas mostra que Brasil tem problema crônico para apurar homicídios e crimes políticos

Enviado por / FonteG1

Presidente da comissão de segurança pública da OAB-RJ Rafael Borges explica o que significa a abertura de inquérito pela PF e quais são os requisitos necessários para a federalização do caso.

O assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completa cinco anos nesta terça-feira (14) sem respostas sobre os mandantes do crime.

Estão presos o policial militar reformado Ronnie Lessa, acusado de ter feito os disparos que mataram a vereadora e o motorista, e o ex-policial militar Elcio de Queiroz, acusado de dirigir o carro usado na execução. Os réus nunca revelaram quem mandou matar Marielle Franco e Anderson.

Na semana passada, parentes das vítimas se reuniram com a força tarefa do Ministério Público do Rio. Após cinco trocas da comando da investigação, o delegado Guilhermo Catramby vai conduzir o inquérito na Polícia Federal.

Em entrevista a Natuza Nery, o presidente da comissão de segurança pública da OAB-RJ Rafael Borges explica o que significa a abertura de inquérito pela PF e quais são os requisitos necessários para a federalização do caso: “É inegável que os agentes da PF poderiam ter contribuído muito mais se estivessem na investigação desde o início”, diz.

Para Borges, a falta de respostas para o caso mostra que as autoridades brasileiras falham não só para investigar crimes políticos, mas homicídios como um todo.

“O Brasil tem um problema crônico de apuração de homicídios. O índice de apuração de homicídios pelas agências de segurança pública brasileira é vergonhoso… Não faltam verbas públicas para as agências de segurança pública. A questão é como esse dinheiro vem sendo empregado. Eu entendo que esse dinheiro tá sendo empregado hoje muito mais de uma perspectiva repressiva. Era preciso que parte mais significativa desses recursos fosse realmente direcionada para as atividades de investigação pra que a gente pudesse alcançar índice de apuração notadamente em crimes com imensa repercussão política como foi o caso de Marielle. Isso não acontece, mas é uma questão de opção política de quem comanda o orçamento.”

Rafael ainda recorda que a execução de Marielle ocorreu sob intervenção e a “segurança pública do estado era cuidada por um general do Exército” – o interventor era Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice de Bolsonaro.

+ sobre o tema

Por uma nova masculinidade. Por que os homens continuam a matar as mulheres?

Vivemos no Brasil uma situação mais fatal do que...

Um olhar sobre o Manifesto dos Mineiros 70 anos depois – Por: Fátima Oliveira

Minas Gerais celebra com múltiplas homenagens os 70 anos...

Consciência Negra, Globeleza e homicídio da juventude: entrevista com Ronald Augusto

A população negra e parda é historicamente oprimida no...

Por vingança, chinês ‘arruina’ noite de casais em cinema de Xangai

Um homem chinês não identificado decidiu 'arruinar' a noite...

para lembrar

STJ regride Lei Maria da Penha

Um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, entendeu que...

A era das feministas pop

De palavra tabu a termo-chave para entender 2014: o...
spot_imgspot_img

Exposição em São Paulo com artistas negras celebra a obra de Carolina Maria de Jesus

Assista: Exposição em SP celebra o legado de Carolina Maria de Jesus A jovem nunca tinha visto uma máquina de escrever, mas sabia o que...

Festival Justiça por Marielle e biografia infantil da vereadora vão marcar o 14 de março no Rio de Janeiro

A 5ª edição do “Festival Justiça por Marielle e Anderson” acontece nesta sexta-feira (14) na Praça da Pira Olímpica, centro do Rio de Janeiro,...

Mês da mulher traz notícias de violência e desigualdade

É março, mês da mulher, e as notícias são as piores possíveis. Ainda ontem, a Rede de Observatórios de Segurança informou que, por dia,...
-+=