Com alta letalidade entre a população pobre e negra, seminário debate luta antirracista e mobilidade urbana

O período de pandemia de Covid-19 no Brasil, entre abril de 2020 e março de 2021, mostra que motoristas e cobradores de ônibus estão no topo do ranking de desligamentos trabalhistas causados por mortes, segundo levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia. Já um estudo do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde, da PUC-Rio, demonstra que 55% da população negra morre por covid, enquanto entre brancos, a estimativa é de 38%. Para debater sobre o tema que ainda é pouco discutido, a Fundação Rosa Luxemburgo e a editora Autonomia Literária promovem um ciclo de lives sobre a luta antirracista com foco na questão da mobilidade urbana. Os encontros acontecerão aos sábados durante os meses de maio e junho pelo canal do Youtube da editora.

“Durante a pandemia ficou ainda mais nítido que o racismo sustenta as estruturas de mobilidade. Enquanto a única saída apontada por especialista para se proteger da morte pelo COVID era ficar em casa, sem garantias de trabalho, pessoas negras, pobres das periferias seguiram colocando suas vidas em risco para não morrer pela epidemia da fome”, diz Rafaela Albergaria, coorganizadora do livro Mobilidade Antirracista e mediadora do primeiro tema do seminário “Mobilidade e feminismo antirracista”.

Rafaela sofreu as consequências da ineficiência e descaso no sistema de transporte coletivo ao perder a prima, Joana Bonifácio, morta aos 19 anos ao cair nos trilhos da estação de trem Coelho da Rocha (RJ). A partir desse fato, a pesquisadora e sua família iniciaram uma mobilização para debater a recorrência desse tipo de ocorrência e a necessidade de repensar mobilidade enquanto direito de ir e vir com segurança.

Durante o seminário, serão debatidos os temas “Mobilidade e feminismo antirracista”, “A que custo esse direito? O valor da mobilidade antirracista”, “Antirracismo é lutar por se mover-Agenda Pelo Desencarceramento” e “Segregação e Extermínio”. A escolha dos assuntos partiu da abordagem do livro Mobilidade Antirracista, organizado por Daniel Santini, Rafaela Albergaria e Paíque Duques Santarém, e publicado pela editora Autonomia Literária e fundação Rosa Luxemburgo. A publicação retrata um dos aspectos mais importantes e menos discutidos do racismo: a espacialidade. E conta com textos de Silvio Luiz de Almeida, Talíria Petrone, BNegão, Nego Bispo, Lucas Koka e outros pensadores negros.

Serviço:

Ciclo de Lives – Mobilidade Antirracista – Tema “Mobilidade e feminismo antirracista”

Data: 22 de maio.

Horário: 19h.

Transmissão: canal do Youtube da Editora Autonomia Literária.

Participantes:

  • Neon Cunha – Publicitária e diretora de arte, atua há 39 anos na Prefeitura de São Bernardo do Campo. Uma das maiores vozes do Brasil na luta sobre despatologização das identidades de pessoas trans.
  • Tainá de Paula – Arquiteta e urbanista, vereadora eleita pelo PT-Rio, ativista das lutas urbanas. Atuou em diversos projetos de urbanização e habitação popular, realizando assistência técnica para movimentos de luta pela moradia como União de Moradia Popular (UMP) e Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST).
  • Lúcia Xavier – Coordenadora da ONG Criola e assistente social. Atuou no Conselho Estadual da Criança e do Adolescente e no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, representando a Articulação de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras/AMNB (2004). Recebeu a Medalha do Reconhecimento Chiquinha Gonzaga conferida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
  • Rafaela Albergaria – Mestre em Serviço Social, escritora e pesquisadora em Mobilidade Urbana, Segurança Pública, Sistema de Justiça, Relações Raciais. Articuladora Política do Mulheres Negras Decidem. Coorganizadora do livro “Mobilidade Antirracista”.

Acompanhe a programação completa pelo site: https://rosalux.org.br/mobilidade-e-feminismo-antirracista/ .

Assista pelo canal do Youtube da editora Autonomia Literária.

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