Como o Feminismo maltrata os homens

Texto de Micah J. Murray. Tradução de Daniela Vieira Palazzo. Revisão de Alice Porto e Gonçalo Cholant. Publicado originalmente com o título: How Feminism Hurts Men no site Redemption Pictures em 12/11/2013.

Nota da tradutora: Me senti motivada a traduzir esse texto porque de uma forma irônica o autor conseguiu se posicionar a favor do feminismo genialmente! E o fato de ser um homem o falante – da sua posição masculina — a forte produção de sentido criada pelo autor gritou ainda mais aos meus olhos. Agradeço o interesse. Acho que esse texto vale a pena ser compartilhado. Muitos amigos e amigas sugeriram que eu enviasse para alguém que tenha blog e lembrei de vocês, pois as sigo no Facebook.

Ontem, alguém me disse no Facebook que o Feminismo valoriza mulheres às custas dos homens e que, para tal, nos castra.

Ele estava certo.

Para os homens, o advento do Feminismo nos colocou no status de classe secundária. Desigualdade e discriminação se tornaram parte do nosso dia-a-dia.

Por causa do Feminismo, homens não podem mais andar nas ruas sem medo de serem assediados, perseguidos e até abusados sexualmente por mulheres. Quando um homem é agredido, ele é responsabilizado – pelo jeito como se vestiu, estava “pedindo por isso”.

Por causa do Feminismo, não existem mais grandes conferências cristãs sobre como um varão deve agir, onde milhares de homens podem celebrar Jesus e sua masculinidade (e talvez zombar de estereótipos femininos).

Por causa do Feminismo, os púlpitos das igrejas e holofotes são muitas vezes voltados para mulheres. Os homens são encorajados a apenas trabalhar no berçário ou na cozinha. Às vezes dizem aos homens que se mantenham em silêncio na igreja.

Por causa do Feminismo, as mulheres ganham mais dinheiro do que os homens nos mesmos empregos.

Por causa do Feminismo, é difícil encontrar filmes com um protagonista/herói masculino hoje em dia. A maioria dos filmes blockbusters apresenta uma mulher corajosa que salva o mundo e fica com um belo homem como troféu, em recompensa aos seus feitos.

Por causa do Feminismo, o esporte profissional feminino é um negócio imensamente lucrativo, onde mulheres são globalmente idolatradas. Os homens só aparecem brevemente, nos intervalos comerciais, onde seus corpos são tidos/vistos como objetos.

Por causa do Feminismo, todo o controle de natalidade é provido por e para as mulheres, sem questionamentos ou debate, enquanto os homens têm de lutar para conseguir que as companhias de seguros paguem por suas prescrições de Viagra. Quando os homens falam a esse respeito, líderes conservadores de direita, favoráveis aos valores da família tradicional, os rotulam de “vagabundos” e “putos”.

Por causa do Feminismo, o corpo masculino está constantemente sob o escrutínio público. Se um homem aparece de topless na TV é um escândalo nacional, resultando em enormes multas e boicotes. Blogueiras escrevem regularmente sobre como precisamos ser mais conscientes ao escolher nossas roupas para evitar seduzir mulheres para o pecado. Humoristas insistem que bermudas “não são realmente calças” e, portanto, os homens devem cobrir-se porque “ninguém quer ver isso.”

Por causa do Feminismo, os homens não possuem representatividade na Casa Branca e as mulheres ocupam mais de 80% dos assentos no Congresso. Quando um homem vai para o escritório, sua aparência física e escolhas de vestuário são discutidas quase tanto quanto suas políticas e ideias.

Por causa do Feminismo, os homens devem lutar por uma voz na esfera pública. Em questões de teologia, política, ciência e filosofia, a perspectiva feminina é muitas vezes considerada padrão, normal, e imparcial. Perspectivas masculinas são negadas por serem muito subjetivas ou muito emocionais. Quando falamos, nós, muitas vezes, somos rotulados como irritados, rebeldes, subversivos ou perigosos.

Mas sejam fortes, caras.

Um dia seremos iguais.

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Faça o que fizer, não leia ‘Jesus feminista’. Está cheio de ideias que vão continuar a oprimir e prejudicar os homens – ideias como “as mulheres são pessoas também” e “a dignidade e os direitos das mulheres são tão importantes quanto os dos homens”.

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Daniela Vieira Palazzo tem 32 anos, é gaúcha de Pelotas, professora universitária em transição e mestranda em Linguistica Aplicada. É feminista e pesquisa na linha dos estudos de gênero e da Análise Critica do Discurso (ACD) — especialmente acerca de corpo/corporiedade e moda.

Micah J. Murray é escritor, diretor criativo e gerente de mídias sociais. Escreve no blog RedemptionPictures.com sobre igreja, fé, política e família.

Fonte: Blogueiras Feministas

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