Afrofeminina: literatura da mulher negra no Brasil – Por Juliana Penha

“De Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz a escritoras contemporâneas.”

 

No pequeno espaço destinado a mulher negra na literatura brasileira, desde a época colonial, o lugar era sempre comum: o corpo. Castigado, Erotizado, Sensualizado e Escravizado.

Envolvida por uma rede de estereótipos, a mulher negra era retratada com uma imagem negativa, subalterna e subjugada ao patriarcalismo.

Escrava tanto por sua origem africana num mundo onde imperava a ótica eurocêntrica e escrava das representações envolvidas por traços de inferioridade, virilidade acentuada e valoração negativa de sua diversidade.

Nadando contra a corrente, vozes afro-femininas de libertação, que lutaram tanto contra o preconceito racial como de gênero, sempre existiram e provam a importância da mulher negra na formação da cultura brasileira.

No passado e no presente, a escrita da mulher negra luta por sua emancipação e ocupa seu devido espaço. Da representação, a auto-representação; do corpo escravo, a dona de si.

A literatura libertou a mulher negra de seu confinamento. Mas foi ela quem quebrou as correntes.

Nessa exposição partimos de tres marcos da Literatura Feminina Negra no Brasil, o primeiro é o livro “Sagrada Teologia de Amor de Deus Luz Brilhantes das Almas Peregrinas” de Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz, uma africana, da Costa do Mina que chegou ao Brasil como escrava, em 1725, aos seis anos de idade. Foi primeira mulher negra a escrever um livro no Brasil.

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Depois, o romance “Úrsula”, de 1859, escrito por Maria Firmina dos Reis, primeira romancista e abolicionista. Ela foi a responsável por dar voz ao escravo pela primeira vez na literatura brasileira e relatar a crueldade do regime escravocrata e patriarcal.

“Quarto de Despejo- Diário de uma Favelada” de 1960, escrito por Carolina Maria de Jesus, que relatou em seu diário a vida de uma favelada, mãe solteira, catadora de papel com um estilo tão original que tornou-se um clássico da literatura marginal brasileira, publicado em 20 países, traduzido para mais de 13 idiomas. Com sua pouca escolaridade e os livros que lia enquanto catava papel, mostrou para o mundo que a literatura não é patrimônio de uma única classe. Ela superou a miséria com a força de sua escrita.

E para fortalecer esse espaço afro-feminino, apresento um pouco do universo literário de diferentes escritoras e poetisas negras contemporâneas no Brasil, que renunciaram o papel que lhe quiseram destinar a história oficial e passaram a escrever a sua própria história.

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Fonte: Buala

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