Congo Belga: independência x ditadura

Um dos processos mais sangrentos de independência aconteceu no Congo Belga, depois chamado de Zaire, o segundo maior país africano em extensão territorial, depois do Sudão. O antigo Congo havia sido um presente da Conferência de Berlim ao Rei Leopoldo II, da Bélgica, em 1885. Um presente e tanto: um vasto território rico em cobalto, ferro, potássio e… diamantes.

Até 1908, o Congo era tratado como propriedade pessoal do rei Leopoldo. Só naquele ano tornou-se uma colônia da Bélgica. Com tantas riquezas naturais à disposição, os belgas resistiram com uma forte repressão ao movimento de independência do Congo. A luta dos nacionalistas fez nascer um novo líder negro na África: Patrice Lumumba.

{xtypo_quote}Uma Manhã no Coração da África
Durante mil anos tu, negro, sofreste como um animal
tuas cinzas foram espalhadas ao vento do deserto.
Teus tiranos construíram os templos mágicos e brilhantes,
onde preservam o teu sofrimento:
o bárbaro direito dos punhos e o direito branco ao chicote.
Tu tinhas direito de morrer, também podias chorar (…)
Enquanto rompes tuas cadeias, os grilhões pesados
os templos malvados e cruéis irão para não voltar mais.
Um Congo livre e bravo surgirá da alma negra,
um Congo livre e bravo, o florescer negro, a semente negra !
Patrice Lumumba {/xtypo_quote}

A luta pela independência no Congo Belga ganhou intensidade em meados dos anos 50. Em 1958, no Congresso Pan-africano, o líder nacionalista Patrice Lumumba faria um discurso anticolonialista que lhe daria prestígio e fortaleceria a causa de seu país. Os confrontos entre nativos e colonos belgas se intensificaram até a conquista definitiva da independência, em junho de 1960.

Conflitos entre o novo governo e províncias separatistas, no entanto, fizeram Lumumba, já no cargo de primeiro-ministro, pedir a intervenção militar da ONU e da União Soviética. Em setembro de 60, Lumumba foi afastado do cargo e preso, por ordem do presidente Joseph Kasavubu. Em fevereiro de 61, o governo anunciou oficialmente sua morte. Patrice Lumumba recebeu homenagens da União Soviética, que batizou com o nome dele uma universidade em Moscou destinada a alunos estrangeiros. Iniciativas desse tipo faziam parte da luta ideológica da Guerra Fria.

Em 1971, sob o governo de Joseph Mobutu, o Congo Belga passou a se chamar Zaire. Todos os zairenses com nomes europeus foram obrigados a adotar nomes africanos. O próprio presidente passou a Mobutu Sese Seko. Em 1997, após a queda do ditador Seko, o Zaire passaria a se chamar República Democrática do Congo.

+ sobre o tema

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o...

para lembrar

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o...
spot_imgspot_img

Feira do Livro Periférico 2025 acontece no Sesc Consolação com programação gratuita e diversa

A literatura das bordas e favelas toma o centro da cidade. De 03 a 07 de setembro de 2025, o Sesc Consolação recebe a Feira do Livro Periférico,...

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros ou que tenham protagonistas negros é a proposta da OJU-Roda Sesc de Cinemas Negros, que chega...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o Brasil teria abolido a escravidão oito anos antes da Lei Áurea, de 13 de maio de...