Conheça a trajetória de Usain Bolt, o maior velocista do mundo

O trânsito intenso de Kingston começa a dispersar depois que a estrada cruza o rio Cobre. Após uma longa subida, o mar azul-turquesa do Caribe aparece no horizonte.

Condomínios de luxo ficam no retrovisor ao dobrar à esquerda. Placas de sinalização desaparecem, e o asfalto dá lugar à terra na via de mão única. A densa vegetação dificulta a visibilidade e buzinar é a maneira de evitar batidas nas curvas fechadas.

Três horas e meia e pouco mais de 160 km depois de deixar a capital da Jamaica, a placa no centro de saúde é a única indicação de que estamos em Sherwood Content, cidade natal de Usain Bolt.

Mais à frente, na pista de grama da Waldensia Primary School, um grupo de crianças aposta corridas. Eles estão em férias, e a escola está fechada. Mas a falta de opções de lazer no nanico vilarejo rural faz com que usem o local para brincar.

E foi assim, numa brincadeira entre colegas de classe nesta mesma pista de grama, que há 18 anos o maior velocista da história começava a tomar gosto pelo atletismo.
Antes de Yohan Blake, Tyson Gay e Justin Gatlin, seu rival na época, aos 7 anos, atendia por Ricardo Geddes.

No lugar das medalhas, recordes e dinheiro, eles duelavam por muito menos. Bolt conta que a primeira vez que sentiu satisfação de verdade ao derrotar alguém foi depois de uma aposta promovida por um de seus professores.

Acostumado a perder para Geddes, sentiu-se especialmente motivado quando o desafio valeu um almoço. Bolt ganhou do colega e criou o mantra que usa até hoje. “Uma vez que eu te derrote você, nunca mais me derrotará”.

A partir daí foi apenas uma questão de tempo para que as pessoas começassem a perceber que “VJ”, apelido que carrega desde lá, tinha talento.

“A diretora da nossa escola na época disse que Usain era especial e que deveríamos investir nele”, conta à Folha Lorna Thorpe, 60, chefe do departamento de educação física do colégio William Knibb, conhecido por nutrir atletas e que fica a meia hora de carro da casa simples onde até hoje moram os pais de Bolt.

De pé na mesma pista em que ele começou a ser talhado quando adolescente, a professora de sotaque carregado e sorriso fácil relembra dos dias de seu aluno mais famoso no local enquanto justifica a grama não aparada.

“Como estamos em período de férias, deixamos a grama alta mesmo”, afirma, antes de prosseguir.]

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“Desde cedo era fácil perceber que Usain era diferente por dois motivos. Primeiro, era muito mais alto que os colegas. E, segundo, não conseguia ficar parado, estava sempre correndo. E sempre na frente dos outros alunos.”

Prestes a se aposentar após 33 anos no William Knibb, Lorna, considerada por Bolt como uma segunda mãe, tem entre seus substitutos o professor Yeoukeo McKay, 24, que mesmo com o colégio fechado realiza um treino com alguns atletas em potencial.

“Nós aqui temos orgulho de termos produzido o homem mais rápido do mundo e sabemos que ele é um em 1 milhão. Mas nosso objetivo é ter o outro do próximo milhão que surgirá”, diz o professor de educação física.

Bolt representou o colégio até se formar. Enquanto esteve lá, tornou-se o mais jovem campeão mundial júnior dos 100 m, aos 15 anos. Aos 17, mudou-se para Kingston para dar sequência à carreira no High Performance Centre, na Universidade de Tecnologia.

No gramado do campus Mona, conheceu Fitz Coleman, seu primeiro treinador profissional e com quem ficou até voltar dos Jogos de Atenas, em 2004. Insatisfeito com o método usado, procurou Glenn Mills, outro renomado técnico jamaicano.

A parceria deu certo. Em Pequim-08, Bolt atingiu o status de superestrela ao vencer as provas de 100 m, 200 m e 4 x 100 m, todas com recorde.

Dois anos depois, ganhou de uma empresa alemã uma pista de atletismo de nível internacional, construída na Universidade West Indies e que hoje serve de sede para o Racers, clube no qual treina.

“Usain tem tratamento de estrela aqui”, conta Andenis Simms, 31, o responsável por cuidar do “playground” do corredor na capital. “Sabemos que as instalações têm papel fundamental em seu sucesso. Bolt colocou um país como a Jamaica no mapa e é o mínimo que podemos fazer em troca”.

 

 

Fonte: Agência de Notícias

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