Conversas desconfortáveis com um homem negro

Chega ao Brasil best-seller que convida pessoas brancas a serem parte importante da luta contra o racismo

A pauta antirracista é hoje mundialmente tão importante quanto o combate à própria pandemia. Afinal, como diz Emmanuel Acho, autor de Conversas desconfortáveis com um homem negro que a LeYa Brasil está lançando agora em junho, o vírus do racismo é o mais letal em circulação atualmente. A partir de perguntas recebidas por email e pelas redes sociais, Acho, ex-jogador de futebol americano e hoje comentarista da Fox Sport, fala, de forma consciente e acolhedora, sobre escravidão, desigualdade, e sobre o racismo estrutural e sistêmico que assola a nossa sociedade. No livro, ele responde a essas perguntas – complexas e simples, insensíveis e consideradas tabu – que muitas pessoas hoje em dia podem ter medo de fazer sobre o tema.

Conversas desconfortáveis com um homem negro nasceu de uma websérie idealizada por Acho, que estreou em junho de 2020 e fez um sucesso estrondoso na internet. Foram mais de 17 milhões de visualizações e quase 500 mil inscritos no canal de Emmanuel Acho no YouTube.

Essa websérie foi “descoberta” por Oprah Winfrey e transformada em livro em tempo recorde. Publicado em novembro de 2020, no selo “An Oprah Book” da editora Flatiron, o livro chegou à lista dos mais vendidos em apenas duas semanas, virou best-seller instantâneo do New York Times, foi escolhido pela Amazon US como um dos melhores livros de 2020 e vendeu 100 mil exemplares em três meses.

O autor acredita que a solução para o racismo e suas consequências nefastas é a empatia, e a empatia, segundo ele, só é alcançada com informação. Emmanuel então decidiu criar esse “espaço seguro” para que pessoas brancas possam aprender mais sobre tudo a que as pessoas negras estão submetidas diariamente.

O foco do autor não é necessariamente aqueles que pregam a supremacia branca ou idolatram líderes racistas, mas todas as pessoas “de bem” que, no entanto, podem reproduzir falas e comportamentos aprendidos ao longo da vida, com familiares e amigos, que são, sim, racistas e preconceituosos e devem ser encarados e percebidos como tais.

Para Acho, a saída para combatermos o racismo sistêmico é envolver todas as pessoas no problema, afinal, como diz o autor, “você não pode resolver um problema que não sabe que tem”.

E o autor traz também a sua própria experiência para o livro. Tendo escapado dos principais estereótipos relacionados a pessoas negras – pobreza, violência e crime, famílias disfuncionais –, ele percebeu que o racismo pode, muitas vezes, se manifestar de formas bem sutis sem, no entanto, deixar de ferir ou de ser racismo: “Eu já sabia que havia vivenciado o racismo. Não aquele racismo declarado, com ofensas raciais explícitas ditas bem na sua cara. Era mais sutil. Como, por exemplo, as incontáveis vezes que alguém na escola – da educação infantil, passando pelo fundamental e até o ensino médio —, se sentou à minha mesa de almoço e, depois de me ouvir contar alguma façanha no recreio, disse: ‘Você não fala como um negro’ ou ‘Você nem parece negro’ ou ‘Você não se veste como um negro’. Ou o sempre popular: ‘Você é como um Oreo: preto por fora, branco por dentro’.”

Um livro para quem acredita que uma boa dose de desconforto é a chave para grandes transformações e que só com o engajamento de todos nós construiremos a humanidade com que sonhamos.

Sobre o autor

Emmanuel Acho é filho de imigrantes nigerianos, nasceu e foi criado em Dallas, no Texas. Jogou na liga profissional de futebol americano nos Cleveland Browns de Ohio e também nos Eagles da Filadélfia, e atualmente é comentarista da Fox Sport. Emmanuel e sua família dirigem uma organização sem fins lucrativos para oferecer tratamento médico às pessoas mais pobres na Nigéria. Em 2017, eles conseguiram construir um hospital na zona rural do país.

Conversas desconfortáveis com um homem negro

Autor: Emmanuel Acho

Tradução: Marina Vargas

Editora: LeYa Brasil

ISBN: 978-65-5643-088-1

Número de páginas: 240

Preço: R$ 39,00

** ESTE ARTIGO É DE AUTORIA DE COLABORADORES OU ARTICULISTAS DO PORTAL GELEDÉS E NÃO REPRESENTA IDEIAS OU OPINIÕES DO VEÍCULO. PORTAL GELEDÉS OFERECE ESPAÇO PARA VOZES DIVERSAS DA ESFERA PÚBLICA, GARANTINDO ASSIM A PLURALIDADE DO DEBATE NA SOCIEDADE. 

+ sobre o tema

Novo filme de Pelé deve ter selo Globo e busca achar ‘gol de placa’ do Maracanã

Por: Bruno Freitas   A vida e obra do "Rei do futebol"...

Livro sobre cultura africana será lançado em Caruaru nesta quarta

O livro A história de um fantástico encontro...

“Isso tudo foi o primeiro lugar para mim”, diz Tom Black na final do Ídolos

Na batalha musical há 15 anos, Tom Black superou...

Unlocking The Truth: conheça banda de metal formada por meninos de 12 anos

Muitos músicos, quando relembram seu passado e como...

para lembrar

Após quase um ano, Serena volta às quadras com vitória em Eastbourne

Americana perde primeiro set, mas derrota búlgara na estreia...

Carta do Movimento Negro Unificado à Hebraica

Os que bateram palmas e riram na Hebraica, apoiaram...
spot_imgspot_img

Tribunal mais antigo das Américas escolhe a instituição mais antiga em defesa dos negros como a ganhadora da 1ª edição do Prêmio Luiz Gama  

Nessa quarta-feira (23), a Mesa Diretora do Judiciário baiano, que tem à frente a Presidente Desembargadora Cynthia Maria Pina Resende, escolheu, por unanimidade, entre...

Vini Jr. se manifesta após perder Bola de Ouro: ‘Eles não estão preparados’

Vini Jr. se manifestou nas redes sociais após ficar no segundo lugar na Bola de Ouro, nesta segunda-feira (28). Eu farei 10x se for preciso....

Museu Afro Brasil completa 20 anos de resistência

Inaugurado em 2004, o Museu Afro Brasil (@museuafrobrasilemanoelaraujo) idealizado pelo artista plástico negro, Emanoel Araújo (1940-2022) comemora hoje (23) 20 anos de história. Embora...
-+=