Por que cotas raciais?
Para entender a adoção de cotas raciais, é importante relembrar como o conceito de raça foi construído e utilizado ao longo do tempo.
Dessa maneira, será mais fácil entender por que é necessária uma política específica para parte da população que foi, e ainda é, tratada de forma desigual e negativa. Vamos relembrar parte dessa história?
Desde o início do século XX, cientistas tentavam explicar por que algumas raças eram dominadas enquanto outras dominavam, buscando, com isso, estabelecer uma hierarquia inter-racial.
Um dos grandes problemas com essa “classificação” era ter, como referência, valores europeus da época. Se algum país tivesse hábitos alimentares, crenças religiosas e saberes diferentes dos europeus, seria considerado atrasado. Dessa forma, idéias e teorias foram formadas promovendo as “maravilhas” dos avançados europeus às custas da desvalorização de muitas culturas, Por que cotas raciais? entre elas as africanas. Assim, surgiram “préconceitos”: idéias negativas sobre pessoas ou grupos de pessoas pelo simples fato de elas possuírem uma determinada característica como a cor da pele, por exemplo. Em suma: o preconceito tal qual é entendido hoje.
No Brasil, a partir da década de 1910, acreditando que a inferioridade dos(as) negros(as) estava “cientificamente” comprovada e que não produziam cultura alguma, um dos grandes desafios para as “mentes brilhantes” era como construir uma nação avançada tendo essa enorme população negra. Uma das soluções apresentadas foi a de “embranquecer” a população brasileira e, assim, “melhorá-la”. Não coincidentemente, foram adotadas pelo governo políticas que estimularam a vinda de imigrantes da Europa para o Brasil.
Acreditava-se que, com o passar dos anos, a população negra desapareceria, e o Brasil seria, enfim, uma nação desenvolvida e branca – o país do futuro, como dizemos até hoje. A verdade é que, enquanto não for reconhecido o esforço de cada grupo étnico que compõe nossa população – o quanto cada um deles contribuiu e contribui para a formação dessa vasta extensão de terra chamada Brasil -, seremos sempre o país do amanhã. Enquanto não houver
uma igualdade de oportunidade para todos os grupos étnicos, a concretização do Brasil como nação verdadeiramente democrática estará cada vez mais distante.