O presente trabalho propõe tematizar a crítica que o filósofo Marcien Towa realizou sobre a questão da identidade africana. Sobre tal questão, o autor parte de duas concepções que consistiram primordiais no desenvolvimento da filosofia africana contemporânea: a alma negra de Blyden e a negritude de Senghor. A crítica a tais concepções tem como objetivo evidenciar que a tentativa de encontrar uma essência para a população africana invariavelmente não atenta para a diversidade de identidades no continente africano. Com isso, uma das implicações é a exigência para refletir sobre a fronteira entre natureza e cultura que propicia a construção da filosofia africana enquanto capaz de realizar um diálogo com outras formas de pensamento.
Palavras-chave: Alma negra, identidade africana, Marcien Towa, negritude.
Este trabalho pretende tematizar a crítica realizada pelo filósofo Marcien Towa sobre a questão da identidade africana. A crítica encontra-se em grande parte na obra Identité et Transcendence (2011) na qual o filósofo expõe uma reflexão acerca da crise da identidade. Tal reflexão pode ser sintetizada no fato de que a filosofia da identidade, em sua hegemonia ocidental, está envolta em inúmeras ideologias que se constituem no próprio sintoma de uma profunda crise de identidade. E a partir da percepção da crise decorre um sistema de opressão que tem como finalidade retirar os direitos de outros povos, inclusive porque “O Ocidente é, assim, proclamado o absoluto do mundo diante do qual todos os outros povos não têm direitos” (TOWA, 2011, p. 338).
E a partir da compreensão da diversidade de identidades, Towa questiona a propósito da identidade africana, em como ela é construída pelos diversos povos dentro e fora do continente africano. Para isso, primeiro, duas concepções são fundamentais para essa discussão: a alma negra de Blyden e a negritude de Senghor, além do que essas duas concepções condicionam uma análise de como as diversidades das identidades humanas consistiriam numa fronteira entre natureza e cultura.
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