Fonte: Írohín Jornal Online
Sob o título geral de “As Experiências nas Comunidades Remanescentes de Quilombos no Sul do Brasil”, o I Ciclo de Palestras sobre a Cultura Negra na América Latina teve continuidade com um segundo encontro no auditório da Faculdade de Educação da UFPel.
Nesta sexta (15), a professora Georgina Helena Nunes Lima (dir.) foi apresentada por André Luís Pereira, mestrando em Sociologia na UFRGS (abaixo). Ela trouxe o tema: “Educação Quilombola numa Perspectiva mais Ampla a fim de se Chegar a uma Pedagogia Quilombola”. Georgina formou-se na área da Educação Física e Educação Psicomotora, fez mestrado e doutorado em Educação na UFRGS e hoje trabalha na UFPel.
A palestra começou com um audiovisual de 15 minutos, chamado “A África está em nós”. Uma montagem de cerca de 400 fotografias e edição de Socorro Araújo, com trechos musicais muito expressivos da alma africana, mostrou a vida em comunidades remanescentes de quilombos no Paraná. Bastaria ter visto esse conjunto de imagens, ritmos e melodias para compreender parte da vivência dos descendentes de africanos no Brasil. Consegui uma cópia do arquivo, e estou à espera da autorização para colocá-lo aqui no blogue.
A seguir, Georgina fez uma apresentação de uma hora sobre a experiência educacional nas comunidades quilombolas. Sua linguagem é mais poética do que concreta, mais filosófica do que histórica. Seu enfoque, que parece derivar da pedagogia de Paulo Freire, é de profundo amor e respeito pelos conteúdos e pelas formas de transmissão cultural nas comunidades remanescentes de quilombos. Contabilizam-se 3524 no Brasil, das quais somente 144 estão com título reconhecido.
O Ministério da Educação tem um documento de trabalho nesta área, que orienta os educadores que pretendem trabalhar com o elemento racial, em todo o Brasil, e não somente com índigenas ou afrodescendentes, pois uma ideia básica é que o sangue e as relações humanas estão envolvidos com todas as raças, de modo indistinguível. O livro tem o título: Orientações e ações para a educação das relações étnico-raciais (Brasília, 2006), editado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, do MEC.
Depois da exposição, ainda houve 40 minutos de perguntas e debate entre a mesa e os assistentes, surgindo polêmicas sobre o tratamento das questões étnicas na cultura negra, fora do tema específico trazido pela palestrante, que era sobre a educação nas comunidades derivadas de quilombos. Mas a calma e sabedoria da professora, coerente com seu marco de referência, “fez” ou “permitiu” que os polemistas chegassem a um acordo básico.
Matéria original: Cultura negra e educação quilombola