Curso: Espaços culturais – lugares de livre associação

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A Comunidade Cultural Quilombaque, movimento político étnico cultural regido pelos tambores, localizado no bairro de Perus-SP, está ameaçado de perder o seu espaço físico para a especulação imobiliária. Foram intimados a entregar o espaço, caso não ocorra a compra do terreno, porém o valor e o prazo estimado para a aquisição são incompatíveis com o orçamento da comunidade. Ao longo desses quinze anos de resistência no bairro, várias conquistas foram alcançadas, porém sabemos que ainda há muitos desafios a serem consolidados e um deles é a permanência nesse espaço (anteriormente um lugar de abandono e altamente degradado), construído coletivamente com grande valor afetivo e transformado em um ponto de referência cultural para o bairro e para a cidade de São Paulo. Por essa razão eles lançaram a campanha #FICAQUILOMBAQUE (link para contribuição: http://vaka.me/1341779) para arrecadação de dinheiro para a permanência de sua sede.

Sendo assim, o coletivo Margens Clínicas oferece o curso Espaços culturais – lugares de livre associação, por meio do qual abordaremos a importância da dimensão da estética na clínica psicanalítica e da relação dessa com espaços de cultura no território, apontando para parcerias e redes possíveis nesse momento urgente de enfrentamento à violência.

Serão três encontros com Rafael Alves Lima (26/10/2020), Anna Turriani (09/11/2020) e Kwame Yonatan Poli dos Santos (16/11/2020), sempre das 20h às 21h30, por meio do Google Meet em link a ser disponibilizado no dia.

O curso tem o valor mínimo de R$ 50,00 (cinquenta reais) a ser depositado na conta do Quilombaque (Banco do Brasil, Agência: 6871-3, Conta corrente: 22.186-4, Titular: Associação Comunidade Cultural Quilombaque). O comprovante de pagamento deve ser encaminhado para o e-mail [email protected] e garantirá a participação no curso, bem como a emissão de certificado de participação. Toda renda será revertida para a campanha #FICAQUILOMBAQUE.

Descrição do curso: A violência vivenciada pelos territórios empobrecidos e vulnerabilizados, fruto da tradição colonial-escravocrata, produz efeitos traumáticos específicos que aleijam os sujeitos da possibilidade de sonhar outras perspectivas de uma realidade menos violenta. Apostamos na ressignificação e enfrentamento da violência tanto pelo trabalho clínico como pelo fortalecimento de redes sistêmicas, que inclui sobremaneira os espaços de cultura e de produção artística de modo a que seja possível a restituição subjetiva dos sujeitos afetados pela violência, a transformação das capacidades criativas, das formas de engajamento, articulação e produção de cultura no território, assim como a recuperação do protagonismo, no sentido de estruturar a capacidade resiliente de construir um outro mundo possível.

Essa aposta não é novidade na história da psicanálise, Freud por diversas vezes utiliza as esculturas de Michelangelo, as obras de Goethe , etc para construir o edifício psicanalítico.

A relação entre a clínica e a produção de cultura no território é íntima na psicanálise. Desde a entrada de artistas nos ciclos de.formação até a influência da psicanálise no surrealismo e no movimento modernista brasileiro.

Dia 26/10/2020: Cultura e arte na história da psicanálise, com Rafael Alves Lima
O escritor polonês Witold Gombrowicz dizia que “a arte perturba os satisfeitos e satisfaz os perturbados”. Desde Freud, na psicanálise também não foi incomum apreender o acontecimento artístico em uma aparentemente paradoxal relação entre satisfação e perturbação. Na história da psicanálise (pensando especialmente no Brasil) houve alguns momentos decisivos em que o freudismo se articulou à produção artística, tornando-se uma presença incontornável na cultura nacional – afinal, quem nunca ouviu a brasileiríssima expressão “Freud explica!”? Revisitaremos estes momentos procurando abstrair alguns ensinamentos que podem inspirar uma reflexão sobre a atualidade das relações entre arte, cultura e saúde mental.

Dia 09/11/2020: Corpo território – a sublimação como estratégia desalienante, com Anna Turriani
Buscaremos através de algumas correlações entre marxismo, psicanálise e teoria decolonial, pensar a importância da arte e dos centros culturais como componente de luta à subalternização típica de sociedades capitalistas. Abordaremos os efeitos da instrumentalização da memória, sobretudo no corpo, e quais apostas fazemos para uma clínica desalienante.

Dia 16/11/2020: A estética a partir das Margens, com Kwame Yonatan Poli dos Santos e como convidado o professor Fernando Silva Teixeira-Filho da Unesp- Assis
A proposta é pensarmos  o campo da clínica e estética, enquanto criação de si, tomando como referenciais obras de artistas negras, bichas, travestis e trans.
Abordaremos a obra de Carolina de Jesus, Grada Kilomba e Lin da Quebrada entre outras.

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