Decepção: Câmara barra maior participação das mulheres na política

Faltaram 15 votos para a Câmara dos Deputados garantir uma maior participação das mulheres na política brasileira. Após cederem na proposta para tentar angariar votos, as deputadas viram o texto conquistar apenas 293 dos 308 votos que a emenda à Constituição precisava para passar pelo primeiro turno. Houve 101 votos contrários e 53 abstenções.

Do Brasil Post 

A matéria, inclusa na reforma política, previa uma espécie de reserva de vagas para as mulheres nas próximas três legislaturas. Na primeira delas, de 10% do total de cadeiras na Câmara dos Deputados, nas assembleias legislativas estaduais, nas câmaras de vereadores e na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Na segunda legislatura, o percentual subiria para 12% e, na terceira, para 15%.

As vagas deveriam ser preenchidas pelo sistema proporcional. Se a cota não fosse preenchida, seria aplicado o princípio majoritário para as vagas remanescentes.

Debate em Plenário

No debate em Plenário, diversos deputados defenderam as cotas. A deputada Luciana Santos (PCdoB-PE) disse que as mulheres já conquistaram marcos legais importantes, como as leis Maria da Penha e do Feminicídio. “Mas ainda precisamos enfrentar o modelo político que exclui a participação das mulheres”, disse ela, recordando o papel decisivo de uma das figuras mais significativas do feminismo no Brasil, a bióloga Bertha Lutz, que conquistou o direito da mulher de votar em 1932.

O líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), disse que o aumento da participação de mulheres no Parlamento envolve uma batalha jurídica, política e cultural. “As mulheres são 52% da população e, aqui [na Câmara dos Deputados], só tem 9,9% das vagas”, disse Alencar.

Segundo ele, esse baixo percentual é “uma sequela de uma estrutura patriarcal e machista que transborda do ambiente familiar para as relações sociais e instâncias do poder público”.

A deputada Janete Capiberibe (PSB-PE), por sua vez, disse não querer “superar os homens, mas atingir a igualdade”.

+ sobre o tema

Feminismo jurídico: Advogadas criam coletivo de assessoria gratuita para mulheres

Conectadas pela hashtag #MaisAmorEntreNós, no facebook, um grupo de...

Caro recrutador, não me pergunte se tenho filhos

Aconteceu comigo mais de uma vez. A entrevista de...

para lembrar

Hospital da Mulher só funciona com 50% de sua capacidade

Segundo a direção, apenas metade dos atendimentos que a...

Por um feminismo plural: o ativismo de Lélia Gonzalez no jornal Mulherio

Para Miriam e Camila, irmãs queridas que vivem em...

SP será sede do Encontro Internacional da Marcha Mundial de Mulheres

Evento acontece pela primeira vez no Brasil, e tem...

De Chris a Kristin: Soldado de elite americano relata mudança de gênero

Kristin Beck assumiu-se como transgênero após 20 anos no...
spot_imgspot_img

Editorial Terra de Direitos: Um Supremo Tribunal Federal diverso fortalece a democracia

Com a aposentadoria de Rosa Weber, a terceira mulher a integrar o Supremo Tribunal Federal (STF), em setembro, os debates sobre a próxima indicação...

Lula deveria nomear uma mulher negra para o STF, diz Angela Davis

"Lula deveria ter nomeado uma mulher negra para a suprema corte brasileira, mas não qualquer mulher negra", diz a filósofa e ativista negra feminista Angela...

Ministra Anielle Franco fala sobre racismo em cargos públicos e defende mulher negra no STF: ‘Ia ser histórico’

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou nesta quinta-feira (29), em São Paulo, que ainda é preciso lutar contra o racismo na política e,...
-+=