“Defensoras por Defensoras”: ativistas de diversas regiões do Brasil debatem Justiça Climática em Brasília

Artigo produzido por Redação de Geledés

Sob o tema “Somos o clima que protegemos”, cerca de 40 mulheres de diversas regiões do Brasil se reuniram no encontro “Defensoras por Defensoras”, organizado pelo GT Gênero, Justiça e Clima, do Observatório do Clima, para compartilhar sobre as suas atuações como defensoras de Direitos Humanos e do Meio Ambiente.

O encontro reuniu ativistas negras, quilombolas, ribeirinhas, indígenas e LGBTAPNQ+, proporcionando um espaço plural e indispensável para aprofundar debates sobre justiça e racismo ambiental, além de estratégias para enfrentar as mudanças e emergências climáticas.

Maria Sylvia, coordenador da área de Gênero, Raça e Equidade em Geledès, pontua a importância da organização de mulheres negras que atuam no combate ao racismo e ao sexismo e todas as formas de discriminação, participar do encontro:

“Levamos ao debate nossa perspectiva das questões climáticas nos contextos urbanos, enfatizando a vulnerabilidade das cidades — especialmente nas periferias —, mas também do impacto das emergências climáticas na vida das mulheres, sobretudo mulheres e meninas negras, como parte central das discussões sobre justiça climática”.

Enchentes, ilhas de calor, desastres ambientais etc. afetam de forma desproporcional grupos historicamente marginalizados. Contribuir para esta agenda é fortalecer a conexão entre ativismo local e global, garantindo que as estratégias de justiça climática também incorporem uma visão interseccional e inclusiva de gênero e raça.

Para Tamires Santana, coordenadora PLP de Francisco Morato, em parceria com Geledés no terreiro 7 Tronos Sagrados: “este é um encontro que colabora para pontuar as nossas prioridades para o Observatório do Clima, sob a perspectiva de várias mulheres, inclusive nós mulheres pretas, e também faz com que cada uma se reconheça e se fortaleça como Defensora de seu próprio território. É um momento potente que usa da arte, saberes e práticas ancestrais para falar como está sendo e como será, desde a continuidade do combate a essa lógica neoliberal que vai contra o equilíbrio da Mãe Natureza, que é a nossa própria existência, à adaptação climática, assunto praticamente inexistente para a maioria de nós”, afirma.

Formações sobre o “Acordo de Escazú: importância e atualizações para o Brasil” com Fernanda Rodrigues, “Captação de Recursos” com Miriam Prochnow e “Contação de Histórias” com Angela Mendes e Severiá Maria Idioriê, além de dinâmicas com dança, cantos de povos tradicionais e oficina de bordados em folhas de árvores, fizeram parte da programação, ampliando a visão sobre a complexidade de cada contexto, desde as florestas até as periferias urbanas, quanto conectando forças e as atuações coletivas.

Como resultado desse encontro, além dos encaminhamentos para o próximo encontro, como continuidade das ações voltadas à defesa do Meio Ambiente, será promovido em 2025 uma exposição do Defensoras por Defensoras no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, com peças criadas pelas participantes. A exposição trará visibilidade para essa defesa, em forma de arte para cobrar por proteção e reconhecimento.


Maria Sylvia de Oliveira – Advogada, Diretora e coord. área de Gênero Raça e Equidade de Geledés

Tamires Santana – Jornalista, profissional multimídia, mãe pequena do 7 Tronos Sagrados e coordenadora PLPs em Francisco Morato.

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