A Defensoria Pública do Estado do Piauí, juntamente com o Instituto Esperança Garcia, vem desenvolvendo campanha no âmbito da instituição como parte do Projeto “Esperançar – vidas negras importam/mulheres negras precisam ser escutadas”. O objetivo é arrecadar 200 livros e estimular leitura de obras produzidas por autoras negras, bem como a doação de exemplares para compor o acervo da Biblioteca Estação Nova Cultura, no bairro Itararé.
Do Cidade Verde
O projeto consiste na indicação nas redes sociais da Defensoria, por meio de vídeos com a professora Andreia Marreiro, presidenta do Instituo Esperança Garcia, de autoras negras e obras escritas por essas mulheres. A segunda etapa da campanha ocorrerá em março do corrente ano, quando será realizado um momento de partilha de experiências, oportunidade em que os participantes serão convidados a fazerem a doação das obras para a biblioteca, que fica localizada na região onde foi capacitada a primeira turma do projeto “Defensoras Populares”, que capacitou 26 lideranças femininas que se tornaram agentes multiplicadoras de educação em direitos junto às suas comunidades, atuando no empoderamento de mulheres e no combate à violência de gênero.
Sobre a campanha, a professora Andreia Marreiro diz que ler mulheres negras é imperativo para qualquer pessoa que deseje viver um mundo melhor, mais igualitário e justo. “É ato de resistência ao epistemicídio que nega e invisibiliza os saberes produzidos por mulheres negras como nos ensina Sueli Carneiro. Não por acaso, quando fechamos os olhos e nos perguntamos: quantas autoras negras já li? Quando olhei o mundo pelas lentes de mulheres negras? O que aprendi com escritoras negras? As respostas são raras não por uma questão individual e muito menos porque mulheres negras não são escritoras, mas porque a interseccionalidade das avenidas do racismo e do machismo colocam mulheres negras no lugar de objetos e não de sujeitas. O objetivo da campanha é apresentar autoras negras, indicar suas obras e por meio da leitura e partilha de conhecimentos, esperançar pensamentos e ações na luta por direitos humanos”, justifica.
A subdefensora pública geral, Carla Yáscar Bento Feitosa Belchior, afirma que a campanha resultará em ganhos para todos os envolvidos. “Estimular a leitura de autoras negras possibilitará que mais pessoas tenham acesso à verdade vivenciada e narrada por essas mulheres, a partir da ótica delas, o que certamente é um diferencial. Creio que para o Instituto Esperança Garcia também será vantajoso estender ainda mais o alcance do projeto desenvolvido. Já, a Biblioteca Estação Nova Cultura terá a oportunidade de enriquecer o acervo de forma significativa, oportunizando que as pessoas que utilizam o espaço possam ser informadas corretamente sobre as lutas e o empoderamento das mulheres negras, ainda hoje muito mais vitimadas pela intolerância e o preconceito que as mulheres brancas. É uma campanha na qual ganham todos os que estão participando. Esperamos que as pessoas realmente se engajem e possam contribuir significativamente com esse projeto”, afirma.