Deputado de São Paulo reclama de demora na apuração de abuso da PM

Por: Raoni Scandiuzzi

 

São Paulo – O deputado estadual Adriano Diogo (PT) reclamou hoje (24), durante reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo, da demora dos órgãos estaduais em apurar o caso de abuso por parte de um policial militar que disparou, sem motivo aparente, um tiro de bala de borracha no jovem Vinicius Queiroz da Silva, de 14 anos, atingindo seu olho e causando a explosão de seu globo ocular.

O caso ocorreu em 21 de fevereiro no bairro de São Miguel Paulista, na zona leste da capital paulista, enquanto o garoto andava de bicicleta ao lado de carros com o som ligado. Na ocasião, do boletim de ccorrência constava que o incidente havia sido provocado acidentalmente por um estilingue. No entanto, após os pais da vítima e o próprio se dirigirem ao distrito policial com a bala de borracha em mãos – retirada do olho pelo próprio garoto –, o relatório foi complementado.

“Como se explica um menino de 14 anos, andando de bicicleta, tomar um tiro no olho? Lógico que não queremos generalizar, agora, tudo tem limite. Nosso objetivo não é atingir nenhuma das instituições, fazer nenhuma generalização. A única coisa que queremos é apurar”, disse Adriano Diogo.

O diretor do Instituto de Criminalística de São Paulo, Adilson Pereira, explicou que já foi constatada a presença de sangue humano na bala de borracha e que agora é preciso que seja coletado material genético da vítima para se constatar que o sangue é realmente dele. “Está demorando mais que o normal, que geralmente é 30 dias, por ser um caso específico, em que se necessitam diversos procedimentos específicos que levam mais tempo”, explicou.

A justificativa de Pereira não convenceu Adriano Diogo, que afirmou que esse caso está “muito mal explicado”. “Essas coisas não podem demorar 60, 90 dias para apurar. Apura, responsabiliza, não acoberta e vamos partir para o próximo passo. Quem vai dar uma resposta para uma família pobre, da periferia?”, questionou o parlamentar.

Na tentativa de agilizar o processo, o delegado da Polícia Civil José Aparecido Sanches Severo afirmou que amanhã (24) levará o menino para colher material genético e finalmente comparar com o sangue encontrado no projétil. “Não é que a demora se dê em função da condição econômica ou social, o que demora é a complexidade de cada delito, cada prova”, disse. Segundo Severo, em no máximo em 30 dias o relatório final já estará pronto.

Adriano Diogo ainda contestou a utilização das armas não letais – ou menos letais – pelas forças policiais. Ele afirmou que não há uma legislação sobre o assunto, e quem determina o grau de letalidade da arma é o próprio fabricante. “O problema está no uso desse chamado armamento não letal, que na verdade é de altíssima letalidade, não regulamentado no Brasil”, disse.

Além das autoridades presentes convocadas, o médico-legista do IML de São Paulo Tufik Charabe também recebeu a convocação, mas não compareceu. O membro da Comissão de Direitos Humanos deputado Isaac Reis (PT) lamentou sua ausência. “Talvez ele esteja ausente porque ele não conseguiria explicar o inexplicável.”

 

 

 

Fonte:  Rede Brasil Atual 

+ sobre o tema

Começa hoje pagamento de R$ 200 da primeira parcela do Pé-de-Meia

A primeira parcela do programa Pé-de-Meia, no valor de...

Um país doente de realidade

O Brasil é um país "doente de realidade". A...

para lembrar

Justiça decreta prisão de suspeito de envolvimento no caso Marielle

Justiça decreta prisão de suspeito de envolvimento no caso...

Grafites de Marielle e Maria da Penha são alvos de ataques de vândalos no Rio

Dois grafites da vereadora Marielle Franco (PSOL) e um...

Justiça absolve policiais acusados de tortura e morte de Amarildo

A 8ª Câmara Criminal da Justiça do Rio de Janeiro absolveu ontem (13)...
spot_imgspot_img

Negros são maioria entre presos por tráfico de drogas em rondas policiais, diz Ipea

Nota do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que negros são mais alvos de prisões por tráfico de drogas em caso flagrantes feitos...

Um guia para entender o Holocausto e por que ele é lembrado em 27 de janeiro

O Holocausto foi um período da história na época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando milhões de judeus foram assassinados por serem quem eram. Os assassinatos foram...

Caso Marielle: mandante da morte de vereadora teria foro privilegiado; entenda

O acordo de delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos contra a vereadora Marielle Franco (PSOL), não ocorreu do dia...
-+=