Desafios da atual conjuntura brasileira para a luta das mulheres negras e populares será tema de encontro em Salvador

Mulheres do Norte e Nordeste, ligadas a movimentos sociais do campo e da cidade, se reúnem em Salvador, entre quinta e sábado – 2 a 4 de junho, para discutir os rumos da política nacional e as recorrentes ameaças de retrocessos nas conquistas sociais dos últimos anos. Elas vão refletir sobre a atual conjuntura política do país, os reflexos do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff na atuação de suas organizações, mas, principalmente, querem definir estratégias para o enfrentamento dessa conjuntura. O debate acontece no Grande Hotel da Barra.

Por Juci Machado via Guest post

Trata-se do Encontro Inter-regional Norte e Nordeste de Organizações de Mulheres Negras e dos Setores Populares, que tem apoio da União Europeia, da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), e do Instituto Feminista para a Democracia (SOS Corpo). As atividades são restritas às convidadas. Apenas no dia 03 (sexta-feira), às 18h30, na Biblioteca Central dos Barris, o debate será aberto ao público sobre o tema central Desafios da Conjuntura à Luta das Mulheres Negras e dos Setores Populares por Direitos e Políticas no Brasil Hoje.

“Acreditando na força dos movimentos sociais e, particularmente na força das mulheres negras e dos setores populares para o enfrentamento ao conservadorismo político em curso na sociedade brasileira queremos, com esse encontro, favorecer um espaço às integrantes de organizações e movimentos de mulheres para elas debaterem e se situarem na atual conjuntura do país; além de promover voz e visibilidade à causa das mulheres negras e populares”, destaca a assessora de Projetos e Formação da CESE, Rosana Fernandes.

Rosana explica que o Encontro acontece no âmbito do projeto Mulheres Negras e Populares: Traçando Caminhos, Defendendo Direitos, iniciado em 2015 e com ações previstas até 2017. A iniciativa é voltada para o fortalecimento da luta e auto-organização de marisqueiras, quilombolas, indígenas, trabalhadoras rurais, seguidoras das tradições de matriz africana, entre outros grupos de mulheres. As ações incluem apoio a projetos mediante Editais e seminários, encontros e oficinas, envolvendo os nove estados do Nordeste, além do Pará, Amapá e Tocantins.

A iniciativa visa principalmente contribuir para a integração social e melhoria das condições de vida de mulheres negras e de mulheres de setores populares em situação de pobreza das regiões contempladas. Tem também o objetivo de fortalecer o protagonismo do segmento e de suas organizações no debate público e nos processos de participação social referidos às políticas governamentais de combate à pobreza, e de inclusão social de mulheres e da população negra.

Para Sílvia Camurca, do SOS Corpo, as mulheres alvo da ação integram o segmento mais atingido pelas ameaças aos direitos na atual conjuntura. “É sobre as mulheres negras e populares que vão recair todos os cortes das políticas sociais que estão sendo impostos pelo ajuste fiscal. Essa política que tem se mostrado problemática no mundo todo, será mais grave ainda no Brasil por conta da enorme desigualdade e do racismo que estruturam a nossa sociedade”, afirma. Camurca acredita que o encontro vai permitir às mulheres pensarem juntas e construírem estratégias para os seus movimentos adotarem na luta por resistência na defesa de seus direitos. “E esperamos que contribua para o fortalecimento desses sujeitos sociais”, conclui.

A CESE é uma entidade filantrópica que, há 43 anos, atua para fortalecer movimentos sociais e grupos populares que lutam por transformações políticas, econômicas e sociais, focando estruturas em que prevaleçam a democracia com justiça, intermediando recursos financeiros e compartindo espaços de diálogo e articulação. A instituição tem sede em Salvador, Bahia, e é composta por igrejas cristãs. Um dos meios para cumprir sua missão é o apoio a projetos de organizações populares.

O SOS Corpo é uma organização da sociedade civil, autônoma, sem fins lucrativos, fundada em 1981 e com sede em Recife, Pernambuco, que atua há 35 anos em prol da emancipação das mulheres, propondo a construção de uma sociedade democrática e igualitária com justiça socioambiental. Sua ação é fundamentada na ideia de que os movimentos de mulheres, como movimentos sociais organizados que lutam pela transformação social, são sujeitos políticos que provocam mudanças nas condições de vida das mulheres em geral. Para o instituto, a luta contra a pobreza, o racismo e a homofobia são dimensões fundamentais do feminismo, da transformação social para o enfrentamento do sistema capitalista, racista e patriarcal, produtor de desigualdades e sofrimento humano.

SERVIÇO
O Que – Encontro Inter-regional Norte e Nordeste de Organizações de Mulheres Negras e dos Setores Populares
Onde – Grande Hotel da Barra
Quando – 2 a 4 de junho de 2016

Debate aberto ao público
Tema – Desafios da Conjuntura à Luta das Mulheres Negras e dos Setores Populares por Direitos e Políticas no Brasil Hoje
Onde – Biblioteca Central dos Barris
Quando – 3 de junho de 2016

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Geledés Instituto da Mulher Negra
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