Desempenho de cotistas na UFMG é igual ou superior aos demais alunos

Enviado por  João Augusto Silveira Ferreira via Facebook

Universidade apresentou nessa quinta-feira dados sobre beneficiários da Lei das Cotas

Por Junia Oliveira, do EM

Números apresentados nessa quinta-feira pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) jogam por terra os argumentos de quem acreditou que a entrada de cotistas comprometeria a qualidade de ensino na maior instituição de ensino superior do estado. Os beneficiários da Lei das Cotas mostram, desde 2013, desempenho acadêmico igual ou superior aos demais alunos. No quesito evasão, eles também são destaque: desistem muito menos dos cursos. Em alguns casos, a cada dois estudantes da ampla concorrência que abandonam a faculdade, o mesmo ocorre com um é cotista.

A comparação é feita entre os alunos assistidos pela Fundação Mendes Pimentel (Fump), que, segundo o pró-reitor de Graduação, Ricardo Caldeira Takahashi, correspondem ao perfil dos cotistas, e aqueles que não recebem a assistência estudantil. A série histórica, que aborda outros tipos de ações afirmativas, como o bônus, mostra que o rendimento semestral global médio dos beneficiários de ações afirmativas é bem superior. No curso de história, por exemplo, a média das notas dos cotistas é 89% maior do que quem entrou pela ampla concorrência. Em ciências da computação, a nota deles é 58,14% maior. Na engenharia de controle e automação, 52,94% e, em medicina, a nota dos cotistas é 50% melhor.

O rendimento dos egressos de escola pública já começa a chamar a atenção na aprovação pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Em mais da metade dos cursos, em pelo menos uma das quatro modalidades de cotas, a nota de corte dos beneficiários é maior do que na ampla concorrência. E, nos casos em que ela é menor, a diferença entre quem entrou ou não pela Lei das Cotas é pequena, de menos de 10%. “Não significa que o aluno da ampla concorrência seja melhor, e sim, que ele recebeu um treinamento, ou um adestramento para se sair bem na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), seja no cursinho ou na escola, oportunidade que o da cota talvez não tenha tido”, afirma Takahashi.

Por isso, segundo ele, vale o desempenho dentro da universidade, onde todos passam a estar em pé de igualdade. “O desempenho dos dois grupos é, essencialmente, idêntico. Isso mostra que, realmente, a diferença não era cognitiva, mas de treinamento.” Quanto à evasão, ele ressalta: “Para o cotista, concluir o curso rapidamente e bem faz diferença maior que para o não cotista”.

 

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