Dia 17 tem ato contra o racismo em Campinas

 

No domingo (17 de fevereiro), a partir das 9 horas, acontece um ato contra o racismo e a atitude da Polícia Militar de abordagem da juventude negra em Campinas. A manifestação também repudia a carta enviada ao comando da PM local solicitando a abordagem de jovens negros considerados “suspeitos”. Entre os autores da carta está o professor da Faculdade de Engenharia da Unicamp Fujio Sato. A concentração para o protesto será na Praça Kennedy, próximo ao Liceu.

Leia abaixo a nota do Fórum contra o racismo, o genocídio da população negra e a violência policial.

NOTA PÚBLICA DO FÓRUM CONTRA O RACISMO, O GENOCÍDIO DA POPULAÇÃO NEGRA E A VIOLÊNCIA POLICIAL

“….abordagem a transeuntes e em veículos, em atitude suspeita, ESPECIALMENTE INDIVIDUOS DE COR PARDA OU NEGRA … entre 18 e 25 anos, em grupo de 03 a 05 pessoas.”

Campinas, a última cidade do Brasil a abolir a escravatura, viveu no dia 21 de Dezembro de 2012 mais um episódio de racismo, desta vez realizada por meio de um documento oficial da PM em que um comandante da corporação, Cap. Ubiratan de Carvalho Góes Beneducci, enviou uma “ordem de serviço” em que ordena que sejam feitas abordagens a veículos e transeuntes especialmente NEGROS E PARDOS nas proximidades do colégio Liceu e bairros adjacentes.

Foi a prova escrita e assinada de que o racismo que permeia a democracia brasileira e que sentimos todos os dias nas ruas, escolas, empresas e até nas instituições públicas como a PM, não ficou no passado. Racismo este que tem contribuído para a ampliação das desigualdades sociais e que impedem as pessoas de terem direitos iguais como prega a Constituição.

Há inúmeros casos anteriores, que ganharam os noticiários da cidade, porém, antes desse, um caso vale a pena ser mencionado. Em 1984, BENÊ, um jovem trabalhador da CPFL, foi assassinado na porta do prédio onde morava por 02 PMs à paisana, sob alegação que havia alguém praticando furtos nas imediações do Cambuí, que se parecia com ele. Na ocasião mais de 1.000 pessoas se mobilizaram para exigir a demissão do comandante da PM que no julgamento protegeu e defendeu os assassinos.

Atitude muito parecida procedeu-se neste episódio com o Comando da PM e o Governo do Estado que, ao invés de apurar e punir o responsável pela emissão de um documento que explicita uma ação discriminatória, o protegeu e defendeu justificando sua ação com um pedido feito por meio de uma carta assinada pelo Sr. Fujio Sato e Sr. Sérgio Maurício Montangner que se identificam como moradores desta região, carta esta enviada no dia 21 de Dezembro de 2012 e prontamente atendida no mesmo dia pelo Cap. Ubiratan expedindo a referida “ordem de serviço” com mesma data.

Tanto a carta quanto a ordem de serviço não trazem maiores características a não ser, a cor da pele e a faixa etária, ou seja, JOVENS NEGROS(AS) E PARDOS(AS) nas proximidades da região supra citada são suspeitos e devem ser abordados. EM CAMPINAS EU SOU SUSPEITO.

Será que a mesma ordem de serviço foi expedida na região do Itaim-SP, sugerindo abordar moças jovens loiras quando no episódio da gang das loiras em São Paulo? Certamente não!

RACISMO É CRIME HEDIONDO, DE LESA HUMANIDADE!
SEM CONIVÊNCIA COM O RACISMO!
EXIGIMOS A EXONERAÇÃO DO CAPITÃO AUTOR DA ORDEM! RESPONSABILIZAÇÃO CRIMINAL POR RACISMO DO COMANDO DA PM E DO GOVERNADOR ALCKMIN POR CONIVÊNCIA RACISTA!

Campinas – Defensoria denuncia PM por suposto racismo por focar abordagens em pessoas negras e pardas

Campinas: Após assalto em bairro luxuoso, PM dá ordem para abordar ‘negros e pardos’

Fonte: STU

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