Principal vítima de violência, negros tem baixa expectativa de vida

A situação de violência contra negros se agrava a cada ano

 

Em países como Argentina, Chile e Uruguai o homicídio é a 12ª causa de morte entra a população.  Porém, no Brasil, o homicídio se coloca entre a terceira causa de morte entre os brasileiros, mas, se considerarmos apenas os jovens, essa causa de morte é a primeira, de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), criado em 2007, o número de mortes entre jovens de 12 a 18 anos vem aumentando ao longo do tempo. Para cada mil pessoas nesta faixa etária, 2,98 é assassinada. O índice em 2009 era de 2,61.

Colocado em perspectiva, até 2016 mais de 36 mil adolescentes poderão ser vítimas de homicídio.

A cor das vítimas

Segundo o Mapa da Violência divulgado em 2012, em 2010 morreram no Brasil 49.932 pessoas vítimas de homicídio, um total de 26,2 para cada 100 mil habitantes. Dessas vítimas, 70,6% eram negras e mais de 90% do sexo masculino.

Paulo Ramos, analista político da Universidade de Brasília, em entrevista à EPSJV/Fiocruz, “se pegarmos o histórico, em 1968 foi lançado um livro chamado ‘O Genocídio do Negro no Brasil’; uma década depois, em 1978, foi criado o Movimento Negro Unificado, um ato cujo estopim foi a morte de alguns negros em São Paulo. Fora isso, existem iniciativas de comunidades negras como a criação de uma carteirinha contra a abordagem violenta de policiais, entre outras. Apesar disso, continuamos vendo em dados e estatísticas os mesmos resultados. Precisamos ir além para não vermos mais isso se repetindo”, conclui.

Ainda de acordo com o Mapa da Violência, entre 2002 e 2010, morreram no país 272.422 cidadãos negros, com uma média de 30.269 assassinatos ao ano.

Os estudos, tanto os realizados por organizações internacionais, como os realizados pelo próprio governo do PT, mostram que a situação de violência contra o negro só tem se agravado nos últimos anos.

O governo publica os dados para dizer que está defendendo o negro, mas não toma nenhuma medida real para acabar com esse massacre. Pelo contrário, os números altos de homicídio fomentam as políticas mais nazistas sob o pretexto de “combate à criminalidade”, com reforços para o aparato repressivo do estado, quando este mesmo aparelho é responsável por homicídios entre jovens negros.

Assim, a divulgação dos números da violência contra o negro e as políticas públicas existentes caminha em sentido contrário. São comunidades inteiras sitiadas pela polícia, maior repressão aos camelôs, subempregos, grupos de extermínio etc.

A violência contra o povo negro só sofreu alguma derrota quando a população negra se organizou e lutou pelo direito de não se massacrada. A luta pelo armamento da população, direito de autodefesa, expulsão dos militares das comunidades, são exemplos de reivindicações que podem, de fato, reduzir o número de homicídio entre os negros.

 

 

Fonte: Causa Operária

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