Dia 1º de junho: nossa Imprensa completa 207 anos de fundação.

Este é o único retrato em que o gaúcho Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça (1774-1823) aparece com a o seu mensário, o Correio Braziliense (1808-1822), considerado o primeiro jornal brasileiro, embora editado em Londres devido à Censura Régia que proibia imprimir na Colônia. Circulando de forma clandestina na Colônia e em Portugal, este mensário foi o pioneiro a defender a abolição da escravatura no distante ano de 1814. O quadro foi pintado entre 1808-1820 e pertenceu ao Grão – Mestre duque de Sussex que foi protetor e amigo do patrono da imprensa no Brasil. Hipólito José da Costa faz parte da Galeria dos Heróis Nacionais.

por Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite* via Guest Post para o Portal Geledés

O Dia da Imprensa brasileira, comemorado em 1ª de junho, por determinação da Lei Federal ,nº 9.831, é uma homenagem ao seu mensário, o Correio Braziliense, que divulgava os principais acontecimentos, que ocorriam na Europa e nas Américas, nas seguintes seções: Política, Comércio e Artes, Literatura e Ciências, e Miscelânea que abrangia Reflexões sobre as novidades do mês e Correspondência. Nas reflexões eram debatidos assuntos relativos ao Brasil. O exemplar avulso no Rio de Janeiro custava a importância de 1.280 réis.

As edições variavam de 80 a 140 páginas, sendo que o número de agosto de 1812 circulou com 236 páginas. O mensário circulou, de junho de 1808 a dezembro de 1822, somando 175 edições agrupadas em 29 volumes. Hipólito José da Costa, por meio do seu periódico, defendeu a liberdade de pensamento, combateu a corrupção e a péssima administração do Brasil Colônia, influenciando, com suas ideias liberais, o processo de independência do Brasil que ocorreu em setembro de 1822.

correiobraziliense

O dia 13 de maio, que marcou oficialmente, no ano de 1888, o final da escravidão no Brasil, ocorreu sem um projeto de inclusão social para uma grande parcela da população que foi liberta, porém sem o passaporte da cidadania. Diante de seu despreparo para se inserir numa sociedade capitalista, o liberto foi exposto à miséria e à invisibilidade social. Infelizmente, a historiografia oficial, durante muito tempo, a partir da visão das elites, soterrou nos porões da memória nacional a dívida histórica, com a população afrodescendente, de quatro séculos de escravidão.

Em seu Correio Braziliense, em março de 1814, Hipólito José da Costa começou a registrar suas críticas em relação à escravidão:

“Os melhoramentos do nosso século produzirão uma gradual e prudente reforma neste ramo que, marcando os progressos de nossa civilização serviria de grande honra aos legisladores, que se ocupassem desta matéria.”

Este retrato a óleo do “Patrono da nossa Imprensa” é uma reprodução de Rômulo Fialdini encontrada em Museus Brasileiros (Fundação Safra – volume 12 -1993). A pintura original pertence à coleção do Ministério das Relações Exteriores em Brasília.

restos mortais

Os restos mortais do Patrono da Imprensa no Brasil foram depositados em urna que se encontra no jardim do Museu da Imprensa Nacional, em Brasília, desde 2001, quando foram transladados da Inglaterra para Brasília (DF) com o apoio do Grande Oriente do Brasil e da Fundação Assis Chateaubriand. Segundo o escritor Barbosa Lima Sobrinho (1897-2000) o Correio Braziliense de Hipólito José da Costa manteve-se fiel aos objetivos para os quais foi criado: lutar pela liberdade de pensamento e combater o despotismo dos poderosos.

Bibliografia:     Coleção Hipólito José da Costa e o Correio Braziliense / Volume XXX Tomo 1 / Estudos. Impresso em São Paulo pela imprensa Oficial em 2002.

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