Djamila Ribeiro indica livros para ler durante isolamento por coronavírus

A filósofa e colunista de Marie Claire sugere obras de romance, ficção e poemas escritos por pessoas negras

A filósofa e colunista de Marie Claire, Djamila Ribeiro indica livros para ler durante isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus, a COVID-19. De sua casa e em bate papo ao vivo no Instagram de Marie Claire, a autora sugere obras de romance, ficção e poemas escritos por pessoas negras. Confira a lista:

1. Amada – Toni Morrison
A história é baseada em fatos reais e é ambientado em 1873, época em que os Estados Unidos começavam a lidar com as feridas da escravidão recém-abolida. Com estilo sinuoso, Toni Morrison constrói uma narrativa complexa, que entrelaça com maestria brutalidade e lirismo. (Companhia das Letras, pags.368, R$ 67,90)

2. O Olho Mais Azul – Toni Morrison
Considerado um dos livros mais impactantes da autora, seu primeiro romance conta a história de Pecola Breedlove, uma menina negra que sonha com uma beleza diferente da sua. Negligenciada pelos adultos e maltratada por outras crianças por conta da pele muito escura e do cabelo muito crespo, ela deseja mais do que tudo ter olhos azuis como os das mulheres brancas – e a paz que isso lhe traria. Mas, quando a vida de Pecola começa a desmoronar, ela precisa aprender a encarar seu corpo de outra forma. (Companhia das Letras;págs 222; R$ 52,90)

3. Se a Rua Beale Falasse – James Baldwin
O romance lançado em 1974, narra os esforços de Tish para provar a inocência de Fonny, seu noivo, preso injustamente. O livro inspirou o filme homônimo dirigido por Barry Jenkins, vencedor do Oscar por Moonlight. (Companhia das Letras; págs. 224; R$ 49,90)

4. O Caminho de Casa – Yaa Gyasi
Nascida em Gana e criada nos Estados Unidos, a jovem Yaa Gyasi tornou-se um dos nomes mais comentados na cena literária norte-americana em 2016. Seu romance de estreia, O caminho de casa, recebeu resenhas estreladas dos mais importantes jornais e revistas do país, alcançou a disputada lista dos mais vendidos do The New York Times e foi incluído na prestigiosa lista dos 100 livros notáveis do ano do mesmo jornal. Com uma narrativa poderosa e envolvente que começa no século XVIII, numa tribo africana, e vai até os Estados Unidos dos dias de hoje, Yaa mostra as consequências do comércio de escravos dos dois lados do Atlântico ao acompanhar a trajetória de duas meias-irmãs desconhecidas uma da outra, e das gerações seguintes dessa linhagem separada pela escravidão. (Rocco; págs. 448; R$ 54,50)

5. Interseccionalidade – Carla Akotirene
A autora e discute o conceito de interseccionalidade como forma de abarcar as interseções a que está submetida uma pessoa, em especial a mulher negra. O termo define um posicionamento do feminismo negro frente às opressões da nossa sociedade cisheteropatriarcal branca, desfazendo a ideia de um feminismo global e hegemônico como diretriz única para definir as pautas de luta e resistência. (Pólen; págs. 162; R$ 24,90)

6. Incidentes na Vida de Uma Menina Escrava – Harriet Ann Jacobs
Obra traz relato de uma ex-escravizada que conquistou a liberdade aos 27 anos e conta como sobreviveu a um sistema no qual mulheres negras eram assediadas, estupradas, separadas de seus filhos recém-nascidos ou ainda crianças e tinham de abdicar da maternidade para amamentar e cuidar dos filhos das “senhoras” (Todavia; págs. 288; R$ 59,90)

7. Escritos de Uma Vida – Sueli Carneiro
A mulher negra é a síntese de duas opressões, de duas contradições essenciais a opressão de gênero e a da raça. Isso resulta no tipo mais perverso de confinamento. Se a questão da mulher avança, o racismo vem e barra as negras. Se o racismo é burlado, geralmente quem se beneficia é o homem negro. Ser mulher negra é experimentar essa condição de asfixia social. (Pólen; págs. 296; R$ 46)
8. Olhos d’água – Conceição Evaristo
ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem. Sem sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta. Ou serão todas a mesma mulher, captada e recriada no caleidoscópio da literatura em variados instantâneos da vida? Elas diferem em idade e em conjunturas de experiências, mas compartilham da mesma vida de ferro, equilibrando-se na “frágil vara” que, lemos no conto “O Cooper de Cida”, é a “corda bamba do tempo”. (Pallas; págs. 116; R$ 28)

9. No Seu Pescoço – Chimamanda Ngozi Adichie
A obra reúne os contos magistrais da premiada autora do best-seller Americanah. Nos doze contos encontramos a sensibilidade da autora voltada para a temática da imigração, da desigualdade racial, dos conflitos religiosos e das relações familiares .(Companhia das Letras; págs. 240; R$ 49,90)

10. Eu sei por que o pássaro canta na gaiola – Maya Angelou
A vida de Marguerite Ann Johnson foi marcada por racismo, abuso e librtação. A garota negra, criada no sul por sua avó paterna, carregou consigo um enorme fardo que foi aliviado apenas pela literatura e por tudo aquilo que ela pôde lhe trazer: conforto através das palavras. Dessa forma, Maya, como era carinhosamente chamada, escreve para exibir sua voz e libertar-se das grades que foram colocadas em sua vida. (Astral; págs. 336; R$ 44,90)

11. Apropiação Cultural – Rodney William
O doutor em Ciências Sociais e babalorixá Rodney William trata o tema sob a ótica histórico-cultural do colonialismo, relembrando o processo de aculturação e aniquilamento dos costumes pelo qual passou os povos escravizados. Faz, a partir daí, a conexão com as práticas predatórias dos mercados capitalistas colonizadores atuais, que se valem dos traços culturais de um povo para lucrar, e esvaziam de significado esses símbolos de pertencimento. (Pólen; págs. 206; R$ 24,90)

12. Ideias para adiar o fim do mundo – Ailton Krenak 
Uma parábola sobre os tempos atuais, por um de nossos maiores pensadores indígenas. Neste livro, o líder indígena critica a ideia de humanidade como algo separado da natureza, uma “humanidade que não reconhece que aquele rio que está em coma é também o nosso avô”. (Companhia das Letras; págs. 88; R$ 24,90)

13. Encarceramento em Massa – Juliana Borges
Na obra, a autora reflete as seguintes questões: Por que fazer um livro sobre encarceramento, sistema de Justiça Criminal punitivo e feminismo negro? Qual é o ponto de conexão entre estas pautas? Por que prisão, punição, superencarceramento interessa às mulheres, prioritariamente às mulheres negras? (Pólen; págs. 144; R$ 24,90)

14. Olhares Negros – bell hooks
A autora interroga narrativas e discute a respeito de formas alternativas de observar a negritude, a subjetividade das pessoas negras e a branquitude. Em suas palavras, “os ensaios de Olhares negros se destinam a desafiar e inquietar, a subverter e serem disruptivos”. Como podem atestar os estudantes, pesquisadores, ativistas, intelectuais e todos os outros leitores que se relacionaram com o livro desde sua primeira publicação, em 1992, é exatamente isso o que estes textos conseguem. (Elefante; págs. 356; R$ 49,90).

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