É preciso falar sobre Consciência Negra

No ano passado, Bahia estampou em suas camisas o nome de vinte homenageados da história do povo negro

Por Lorena Lemos, do Brasil de Fato

No ano passado, Bahia estampou em suas camisas o nome de vinte homenageados da história do povo negro / Divulgação/Bahia

No novembro negro, como é chamado o mês que marca a comemoração da Consciência Negra no Brasil, é importante falarmos sobre as conquistas do povo negro a partir de suas lutas e resistência. Mas também devemos denunciar o racismo, ainda presente nas práticas esportivas e até mesmo na dança.

“Não basta não ser racista. É necessário ser antirracista”

Neste mês, a bailarina brasileira Ingrid Silva, integrante do grupo Dance Theatre do Harlem (Nova York), postou em suas redes sociais suas sapatilhas de balé que, pela primeira vez em onze anos, não tiveram que ser pintadas. Nos últimos 11 anos, a bailarina tinha que pintar suas sapatilhas rosa para que elas não se destoassem da cor de sua pele. Ingrid afirmou em sua postagem no Instagram que “a vitória não é somente minha e sim de futuras bailarinas negras que virão por aí.”

Já nas piscinas, a vitória vai para Maurício Delfino, um dos fundadores da marca DaMinhaCor e criador de modelo da linha de toucas de natação para pessoas negras, com cabelos crespos, cacheados ou com dreads. A touca, com tamanho diferente dos comercializados, possui um formato especial, atendendo à diversidade de pessoas com cabelos afro que curtem o mergulho nas piscinas.

O cartão vermelho para o racismo ficou para clássicos no futebol brasileiro e ucraniano, no dia 10 de novembro. Em Minas Gerais, durante a disputa entre Galo e Cruzeiro, um torcedor atleticano cuspiu no rosto e cometeu injúria racial contra um segurança. No mesmo dia, os jogadores brasileiros do Shakhtar Donetsk, Dentinho e Taison, foram vítimas de racismo no clássico da Ucrânia, deixaram o campo chorando e se manifestaram sobre o episódio em suas redes sociais.

O time do Bahia, no ano passado, estampou o nome de vinte homenageados da história do povo negro, como Zumbi dos Palmares, Dandara, Milton Santos, entre outras personalidades, nas camisas dos jogadores do time principal, em comemoração ao novembro negro.

O tricolor baiano tem se tornado um gigante no cenário do futebol brasileiro, por seu posicionamento com ações afirmativas sobre o enfrentamento às violências contra as mulheres, à LGBTfobia e outras pautas políticas como a demarcação de terras indígenas, o Golpe de 64 e a recente entrada nos campos com camisas manchadas de óleo, denunciando o vazamento de óleo nas praias do Nordeste. O ‘Bahêa’, com Roger Machado, e o Fluminense, com Marcão, são os únicos times brasileiros da série A com técnicos negros no comando.

Já em Minas Gerais, os dirigentes dos times mineiros resolveram jogar o caso de racismo para debaixo do tapete. Após o caso de racismo e as brigas nas arquibancadas, a decisão divulgada pelas presidências dos clubes é que, nos clássicos, haverá torcida única.

É preciso que nos gramados, nas piscinas, nas quadras, nos palcos ou em qualquer prática esportiva, miremos ensinamento de Angela Davis: “Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista.”

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