O Senado americano confirmou nesta terça-feira (10) Lisa Cook será a primeira mulher negra na cúpula do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Sua nomeação foi aprovada por uma pequena margem em uma votação completamente dividida, com o apoio de todos os democratas e a oposição de todos os republicanos na Câmara que se divide em duas partes iguais e com o desempate da vice-presidente democrata Kamala Harris.
“A vice-presidente vota afirmativamente e a nomeação se confirma”, disse Harris no Senado.
Lisa Cook será a primeira mulher negra a entrar na cúpula do Fed em 109 anos de história da instituição.
A luz verde para Cook agora abre o caminho para a confirmação de Jerome Powell como presidente do Fed, entidade financeira mais poderosa dos Estados Unidos.
Cook é pesquisadora e concentrou seu trabalho em como a discriminação afeta a economia americana e como as recessões provocam mais danos aos pobres. Com estas credenciais, espera-se que aporte uma nova perspectiva ao Fed.
Ela é filha de um capelão batista e professor de enfermagem e tem cicatrizes provocadas pelo racismo, pois foi atacada quando criança enquanto tentava ingressar em escolas segregadas no estado da Geórgia.
Cook foi uma das selecionadas pelo presidente Joe Biden para ocupar os cargos vagos na Junta de Governadores do Fed, que tem sete membros.
Os críticos dizem que escolhas de Biden como a de Cook vão politizar a administração da economia do Fed em um momento crítico, com a inflação em seu ponto mais alto em 40 anos e milhões de empregos perdidos durante a pandemia de covid-19.
No entanto, analistas do banco central descartam preocupações como motivações raciais.
Abordar a inflação vertiginosa “começa com o Federal Reserve”, disse Biden nesta terça horas antes da votação.
“Apresentei candidatos altamente qualificados para dirigir esta instituição, e insto encarecidamente ao Senado a confirmá-los sem atrasos”.
Cook é professora de economia e relações internacionais na Universidade Estadual de Michigan, economista da Universidade de Oxford e tem doutorado pela Universidade da Califórnia, Berkeley.
Ela fala cinco idiomas, inclusive russo, e também é especialista em economia para o desenvolvimento internacional, área na qual trabalhou na recuperação de Ruanda depois do genocídio de 1994. “Essa experiência me convenceu da enorme responsabilidade que os economistas têm”, disse em um vídeo Cook, onde ressalta que seu enfoque se baseia em fontes de dados não tradicionais.
“É absolutamente vital fazer as perguntas corretas e buscar os dados corretos”, acrescentou.