Elza Soares é ovacionada em show para mais de 30 mil pessoas em Manaus

Cantora fez show gratuito na primeira noite do Passo a Paço, no Centro da capital amazonense.

Por Indiara Bessa Do G1

Elza Soares se apresenta em palco montado no Centro de Manaus (Foto: Ingrid Anne/Manauscult)

Deus é mulher. A frase vai além de ser nome do último álbum de Elza Soares e imprime a grandeza da cantora que, aos 81 anos, pisou no palco do Passo a Paço, em Manaus, na noite de sábado (1º).

Em um grito de resistência pelas minorias, Elza voltou à capital amazonense com apresentação carregada de representatividade feminina. “Eu falo sobre essas coisas todas que eu acho que há uma necessidade de falar”, disse.

Só de aparecer no palco, a cantora já foi ovacionada pela plateia, que parecia ter sede da voz rouca e inconfundível de Elza, já considerada a cantora do milênio. A primeira música, “O que se cala” carrega a identidade do show e foi abraçada pelo público, que entoou o verso “O meu país é o meu lugar de fala”.

Elza chama ao palco grupo de batuque feminino ao palco em grito de resistência negra (Foto: Ingrid Anne/Manauscult) 

Fora dos palcos, o discurso não muda. Em entrevista ao G1, a cantora reafirma a posição de luta pelas minorias.

“Eu falo da homofobia, que eu acho um absurdo, eu falo sobre a cultura negra, falo sobre a mulher e falo sobre essas coisas todas que eu acho que há uma necessidade de falar e tô falando, tô gritando à beça, tô até rouca de tanto gritar”, brinca.

As primeiras canções do show são do mais recente álbum de Elza, o já citado “Deus é mulher”, lançado este ano. As batidas de influências punk e eletrônica parecem flutuar na voz forte da cantora.

Nas primeiras filas de pessoas próximas ao palco, é fácil identificar os grupos de fãs que foram ao evento prestigiar Elza. A cantora respondeu aos gritos de “Eu te amo” da plateia, e reforçou o carinho pelo público manauara.

“Eu amo vocês e estava com saudades. Eu vinha muito pra Manaus e de repente esqueceram de mim. Agora mandaram me buscar e eu estou aqui com vocês”, disse a cantora.

As músicas do álbum anterior, “A Mulher do Fim do Mundo”, também foram lembradas durante o show. Um destaque para “Maria de Vila Matilde”, onde Elza denuncia a violência doméstica e comanda um coro de centenas de mulheres ao dizer “Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim!”.

Elza Soares se apresenta em Manaus (Foto: Ingrid Anne/Manauscult) 

Com direito a participação do grupo Ilú Obá de Min, o show segue e o público pareceu não se importar que apresentação prosseguiu além do tempo estimado. “Vocês querem mais?”, ela perguntou, após se despedir do público. Elza voltou a sentar na cadeira onde permaneceu durante todo o show. Para encerrar, cantou mais duas músicas.

Ao G1, a cantora ressaltou que acha importante levar um show carregado de discursos fortes e necessários de forma gratuita ao Norte do país.

“A gente tem que fazer isso, eu acho que é merecimento. Ei, governo, você tinha que se comunicar mais com a cultura e dar isso para o povo, o povo precisa e merece música. É como eu digo, a música é a representação do país”, defende.

Passo a Paço

A primeira noite do “Passo a Paço” reuniu mais de 36 mil pessoas no Centro de Manaus. Além de Elza Soares, o rapper Projota e o grupo Tropkillaz foram outras atrações.

Projota se apresenta no Passo a Paço, em Manaus (Foto: Ingrid Anne/Manauscult) 

No Palco Praça dos Ingleses, a banda de rock alternativo Luneta Mágica se apresentou por volta das 19h, com um repertório formado pelas músicas “No Meu Peito”,“Rita”, “Mônica” e “Porto de Lenhas”. Em março deste ano, a banda teve a oportunidade de se apresentar no Festival Lollapalooza, em São Paulo.

“Já tocamos em vários festivais de grande porte. O ‘Lolla’ foi um dos que a gente tocou fora, mas a gente sente o prazer mesmo de tocar aqui na nossa terra e com um visual tão lindo como esse aqui no Porto, de uma área que estava abandonada mas está sendo recuperada e isso faz muito sentido pra gente. É muito legal tocar fora, viajar, mas, quando a gente toca aqui, sente o calor do público da cidade é melhor ainda”, afirma Pablo Araújo, vocalista e guitarrista da banda.

Banda Luneta Mágica em apresentação no Palco Praça dos Ingleses na noite deste sábado (1) (Foto: Eliana Nascimento/G1 AM ) 

Durante o show, a fã da banda amazonense, Julia Albook, de 19 anos, conta que conheceu os integrantes por meio de um festival da região.

“Era bem difícil encontrar o gênero alternativo em Manaus. Eu passei a gostar muito da banda por causa disso. Conheci a banda Luneta Mágica em um festival que aconteceu ano passado no Les Artistes Café Teatro. Quanto à participação deles esse ano no ‘Lolla’, foi surpreendente, fiquei muito feliz”, disse a fã.

Museu Paço da Liberdade em Manaus (Foto: Eliana Nascimento/G1 AM )

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