Em fala na ONU, assessor de Geledés cobra medidas econômicas para os afrodescendentes

Gabriel Dantas destacou a urgência de reformas sistêmicas na governança financeira global que priorizem a equidade racial e de gênero

FONTEKatia Mello

Geledés -Instituto da Mulher Negra realizou nesta quinta-feira, 5, uma importante intervenção durante reunião da Segunda Sessão do Comitê Preparatório para a Quarta Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento, na sede das Nações Unidas em Nova York, que começou no dia 3 e se encerra nesta-sexta-feira, 6. Na plenária, o assessor internacional de Geledés, Gabriel Dantas, teve a oportunidade de discursar como representante do Mecanismo da Sociedade Civil na conferência.

Em sua fala, Dantas resgatou o processo de Financiamento para o Desenvolvimento, lançado em Monterrey, no México, em 2002, pontuando as profundas desigualdades globais, que, segundo ele, “não podem ser resolvidas apenas por nações individuais”. “Essas questões sistêmicas, enraizadas na história colonial, continuam a prejudicar muitos países, especialmente o Sul Global, causando crises repetidas e sofrimento social e econômico significativo”, frisou.

O assessor de Geledés parabenizou o Estado brasileiro por seu posicionamento em relação ao enfrentamento à pobreza e ao racismo ao serem detectados como impedimentos ao pleno desenvolvimento econômico. Neste contexto, com recorte racial e de gênero, Dantas ressaltou o impacto das desigualdades econômicas na vida de mulheres e grupos marginalizados, em especial de afrodescendentes. “O racismo estrutural e o sexismo reforçam a desigualdade, enquanto os sistemas financeiros, muitas vezes, deixam de considerar raça e gênero”.

Ao analisar os alcances obtidos durante a Década Internacional para Pessoas de Descendência Africana (2015- 2024), Dantas repercutiu a ausência de metas não cumpridas, principalmente em relação à liderança de afrodescendentes nas mais importantes decisões globais. “Barreiras estruturais continuam a impedir que essas comunidades acessem recursos e participem de processos de tomada de decisão”, disse ele.

Entre as barreiras para os afrodescendentes mencionadas pelo assessor internacional de Geledés estão a falta de acesso ao crédito, ao emprego formal e às oportunidades econômicas. “Essas desigualdades não são falhas pessoais, mas o resultado da exclusão sistêmica e prejudicam diretamente os ODS 1, 8 e 10 ao perpetuar a pobreza, a exclusão econômica e a desigualdade”, afirmou.

Dirigindo-se aos representantes dos Estados-membros, Dantas fez um apelo emergencial que vem sendo repetido em outros fóruns da ONU sobre a necessidade de reformas sistêmicas na governança financeira global que “priorizem a equidade racial e de gênero nas políticas de desenvolvimento”. “Esperamos que o rascunho zero destaque essa questão sistêmica. Este é um passo vital para a construção de um sistema global mais inclusivo que beneficie a todos”, concluiu ele.


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