Encarando o problema

O rapper americano Usher usou tecnologia de reconhecimento facial para lançar a sua nova música, Chains, em um projeto desenvolvido pelo escritório de São Paulo da agência AKQA.

Por Marina Gazzoni Do Estadão

A música foi lançada exclusivamente no site Tidal, serviço de streaming criado pelo rapper Jay-Z neste ano. Enquanto a música toca, o site exibe fotos e textos sobre casos reais de crimes raciais nos Estados Unidos. Se o telespectador desviar o olhar, o som para de tocar e a tela mostra a seguinte mensagem: “Don’t look away” (não desvie o olhar).

Para conseguir tal efeito, a agência AKQA usou uma solução que integra o Tidal com a câmera do computador ou do celular do usuário. Durante quatro dias, a música foi exibida exclusivamente no Tidal, serviço que concorre com o Spotify e com a Apple Music. Fora da plataforma, ela foi apresentada ao público na última terça-feira à noite, durante o festival Tidal X: 10/20, em Nova York.

Criada há pouco mais de um ano, a AKQA Brasil funciona como um centro global de criação do grupo. “Recebemos da agência de Londres um e-mail com a letra da música e o desafio de pensar em soluções criativas para seu lançamento”, contam Hugo Veiga e Diego Machado, diretores criativos da agência.

Como a música é um protesto contra o preconceito racial, os publicitários pensaram em fazer uma peça que relacionasse a letra a casos reais. “A música do Usher é algo maior. É uma bandeira contra o racismo. O primeiro passo é fazer as pessoas pararem para pensar sobre isso”, disseram. A solução criada por eles obriga os fãs de Usher a olhar para a foto de vítimas de crimes raciais para poder ouvir a música.

Antes de lançar o projeto, a agência criou um protótipo, que precisou ser aperfeiçoado para ficar mais “leve”. O desafio era lançar uma solução tecnológica que não dependesse de uma conexão de altíssima qualidade para ser acessada.

Antes da campanha de Usher, a primeira experiência da AKQA Brasil no mundo da música foi uma campanha global da Visa para a Copa do Mundo. A agência escalou diretores dos 32 países que participaram do Mundial para fazer uma versão audiovisual da música Maria Caipirinha, de Carlinhos Brown, incorporando elementos da cultura local.

A AKQA Brasil tem um time de 20 pessoas e ainda funciona em um endereço provisório na Vila Madalena. A agência está reformando uma casa para sediar o seu escritório. Entre os clientes estão Netflix, Google, Brahma e Visa.

Confira o clipe:

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