Enfim, medidas contra o racismo nos estádios

Tem início no próximo sábado, na Rússia, a Copa das Confederações. Infelizmente, o Brasil não estará presente. A competição reúne os seis campeões continentais, além do campeão da última Copa do Mundo e o país-sede. Para participar, o Brasil teria de ter conquistado a Copa América — o campeão aí, porém,  foi o Chile. Desde a criação do torneio, em 1997, esta será a primeira vez que o Brasil estará ausente. Mas não é desse ineditismo que vamos tratar aqui, e sim de outro: é que nesta edição da Copa pela primeira vez, em uma competição oficial, a Fifa colocará em prática um pacote de medidas contra a discriminação.

Do Diário de Pernambuco

Foto: iStock.com

O Brasil ausente é uma notícia ruim, para nós brasileiros; as sanções contra os atos de discriminação nos estádios são uma notícia boa, para todo o mundo. Os estádios têm sido palco privilegiado de gestos e atos dessa natureza, notadamente de racismo. As medidas a serem aplicadas na Rússia têm potencial para enfrentar o problema, e capacidade para ser implantada posteriormente em qualquer lugar.

Será assim, informa matéria da Agência Estado: “Quando identificado o ato discriminatório, o árbitro poderá parar o jogo e fazer um anúncio público no estádio para suspender o jogo até que o ato seja interrompido, juntamente com outra advertência. Caso necessário, o juiz poderá até abandonar a disputa, em uma atitude mais drástica”.

Em todas as partidas haverá observadores antidiscriminação, entre as torcidas das duas equipes. Além da possibilidade de ação no próprio momento em que o problema ocorre, será feito um relatório, a ser encaminhado ao Comitê Disciplinar da Fifa, que poderá estabelecer punições com base no que foi relatado.

As medidas ampliam em larga escala o poder dos árbitros no enfrentamento ao problema. São “ferramentas extras” que lhes são concedidas, observou ontem o presidente da Fifa, o suíço Gianni Infantino. Para ele, a luta contra a discriminação “é global”, e não exclusiva de um ou outro país.

É preciso, de um lado, deixar claro para todos que os estádios não são território livre para atos, gestos e cânticos de discriminação — aberrações que nada têm a ver com o que o esporte representa. E, de outro lado, estabelecer formas de aplicar sanções imediatas e no pós-jogo. O pacote de medidas da Fifa é capaz de atuar nos dois casos. Torçamos para que a iniciativa prospere e se dissemine pelo futebol mundial.

+ sobre o tema

Nós, Carolinas: a importância de mulheres das periferias narrarem suas histórias

Você conhece Carolina Maria de Jesus? Mulher, negra e favelada...

Imigrantes haitianos em São Paulo revelam sofrimento social

Tese foi defendida pelo professor José Ailton, da Faculdade...

para lembrar

Servidores participam de oficina de enfrentamento ao racismo institucional

Combater o racismo institucional como forma de reduzir o...

O que será?

Vai no @leandro_assis A série "Confinada" diz quem é o...
spot_imgspot_img

A maldição da eterna introdução

Discursos não são livres. Assim pontuou Michel Foucault em um dos seus principais textos, de 1971. Há estruturação, angulação, filtragem e mecanismos específicos para limitar e...

Processos por racismo aumentam 64% no Brasil em 2024, mas punições demoram e são brandas

Para a gerente de uma pet shop de Salvador, Camilla Ferraz Barros se identificou como juíza, disse que poderia prendê-la e a chamou de...

‘Ainda estou aqui’ é legado de mães e pais para filhos

De Palm Springs, destino na Califórnia que trilhou no dia seguinte à consagração de Fernanda Torres no Globo de Ouro, para cumprir nova rodada de exibição...
-+=