Deste percentual, somente 1% é composto por negras. Estudo foi feito pelo Insper e pela consultoria Talenses, e divulgado nesta terça-feira em São Paulo
Por Ana Carolina Diniz, do O Globo
Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira, envolvendo 532 empresas brasileiras, mostra que ainda há um longo caminho para a equidade de gênero. Segundo o levantamento Panorama Mulher 2019, feito pela consultoria Talenses e pelo Insper, entre as pessoas que presidem empresas no país apenas 13% são mulheres. Deste percentual, apenas 1% é composto por mulheres negras.
No ano passado, as mulheres representavam 15% dos cargos mais altos das companhias. Apesar da queda no número de CEOs mulheres, houve neste mesmo período aumento na participação feminina em outras funções de liderança: as diretoras de empresas subiram de 14% para 26%.
Segundo a pesquisa, mulheres presidentes alavancam a equidade nos cargos de liderança: há duas vezes mais chances de mulheres vice-presidentes se a presidência for feminina. Além disso, as CEOs aumentam em 2,5 vezes a possibilidade de haver mulheres na liderança e aumentam quatro vezes a possibilidade de existirem mulheres em cargo de conselho.
— A maior barreira para a equidade está no cargo de presidência. A probabilidade de uma mulher ser presidente é 50% menor do que liderar como diretora, e 60% menor de que ocupar o cargo de vice-presidente — afirma Rodrigo Vianna, diretor da Talenses e membro do grupo Aliança para Empoderamento de Mulheres.
PIB cresceria com mais participação feminina
Dados da consultoria McKinsey de 2015 mostram que a igualdade de gêneros poderia adicionar 12 trilhões de dólares no PIB Global até 2025. No Brasil, segundo a Women Will, o PIB poderia crescer 30% se as mulheres participassem do mercado de trabalho na mesma proporção que os homens.
Empresas que assumem um compromisso formal com o empoderamento das mulheres e a igualdade de gênero possuem uma probabilidade 23% maior de uma mulher assumir a vice-presidência, e 75% maior de ter mais mulheres no conselho em relação às empresas sem os tais compromissos.
— As companhias que adotam ações concretas nos mesmo temas têm 13% a mais de frequência feminina nos cargos de direção e 27% a mais de participação feminina nos conselhos — explica o professor Fernando Ribeiro Leite Neto, coordenador técnico da pesquisa.
Cotas são sugestão
Maria Fernanda Teixeira, CEO da Integrow e cofundadora do grupo de Mulheres do Brasil, destaca que é a favor de cotas para o crescimento do número de mulheres na liderança:
— Quando criamos o grupo com o foco de aumentar o número de mulheres nos conselhos, a nossa ideia era fazer “80 anos em oito anos”, que era o tempo necessário para existir equidade de gênero. Hoje, essa disparidade passa de 200 anos, segundo a OIT. Acredito que a cota é algo necessário. Que seja algo temporário até que consigamos atingir a equidade.
Sobre áreas de atuação, a pesquisa mostra que 30% das vice-presidentes estão na área de vendas e apenas 4% estão nas áreas de tecnologia.
Teixeira acredita que há um desconhecimento por parte das mulheres sobre sua capacidade para trabalhar neste mercado, que hoje tem só 13% de presença feminina.
— Muitas pensam que é preciso ter um QI excepcional para trabalhar neste segmento e isto é mito. Faltam modelos de mulheres que esteja na área e que sejam exemplos para falar nas escolas, nas universidades — avalia ela.