Entre Vestígios e Futuridades: o Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul – Brasil, África, Caribe e Outras Diásporas, 14 anos celebra e reflete a memória e projeta o mundo que queremos hoje

Maior janela cinematográfica de cinema negro da América Latina convoca público a transformar o luto em verbo como arma para nosso front privilegiado de batalhas. Para edição de 14 anos, o Encontro contará com 169 filmes, sendo 129 filmes nacionais, dentre os quais 123 curtas e 6 longas metragens nacionais e 32 filmes internacionais, sendo 24 curtas e médias e 8 longas internacionais. A programação terá ainda atividades formativas na parte da manhã, às 10h, alternadas as séries Entre Vestígios e Futuridades e Borrando Fronteiras. E às 11h15min, haverá mais uma edição da série Políticas do Olhar: diálogos sobre curadoria e descolonização.

Em 2020, o Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul aconteceu pela primeira vez em sua história de forma virtual. Era o primeiro ano da pandemia de COVID-19 e muito esperançosos de que no ano seguinte o evento voltasse às atividades presenciais, ocupando os espaços tradicionais na cidade do Rio de Janeiro.  Mas em 2021, a pandemia não só se manteve como foi ainda mais terrível. A tristeza das perdas se potencializa na cruel interdição do luto. Assim, como forma de colaborar no processo de cura coletiva que tanto precisamos, o Encontro traz como proposta o desafio de celebrar e refletir sobre nossa memória, mas também de projetar no porvir o mundo que queremos hoje. O Encontro acontecerá de forma online, entre os dias 27 de outubro e 06 de novembro e presencialmente no Cinema Odeon, no centro do Rio de Janeiro, nos dias 05 e 06 de novembro. 

Biza Vianna (diretora e produtora executiva desde 2007), Janaína Oliveira e Ana Paula Ribeiro (curadoras do Encontro) direcionaram a edição deste ano para uma reflexão de um futuro possível com o tema “memória, vestígios e futuridade”. Ao lado de sua potente equipe de jovens cineastas e produtores, a continuidade do legado deixado por Zózimo Bulbul aposta em um futuro que caiba principalmente mulheres e homens pretos, a comunidade LGBTQIA+, valorizando as diversidades de relacionamentos não incluídos. 

“Olhando para o hoje, vivemos envoltos de incertezas e questões a serem resolvidas que não permitem uma expectativa alegre. Mas ao direcionarmos os nossos olhares para os vestígios e memórias, conseguimos pensar um futuro que nos caiba, reconhecendo que as conexões virtuais, a princípio impostas pela pandemia, nos geraram movimentos inesperados e acabaram nos sendo muito úteis e produtivas. Acreditamos em caminhos coletivos, para retomar, com CALMA, as possibilidades de encontros presenciais.” – Afirma Biza Vianna, Diretora-executiva do Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul.


É isso que almeja o tema deste ano: Entre Vestígios e Futuridades. Cravar no presente os vestígios do passado e as urgências do futuro…as futuridades. Agora deve-se semear os futuros necessários. Ao mesmo tempo, olhar para as circulações materiais e imateriais que compõem a memória negra. 

“Não estamos apenas apostando no passado ou nos registros das memórias e processos de preservação, mas no entendimento da existência e suas presenças. O que fica e o que deve ficar. Os vestígios também estão na ordem do urgente!” – Ana Paula Ribeiro, curadora do Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul.

As Homenagens Plurais deste ano se cristalizam em nomes queridos e fundamentais para a cultura negra brasileira. Reverenciamos as memórias de Januário Garcia, Sandro Lopes, Ismael Ivo, Gésio Amadeu, Erika Ferreira, João Acaiabe, Nelson Sargento, Ubirany Félix do Nascimento, Agnaldo Timóteo, Edson Montenegro, Marcelo Reis e de todos aqueles que não mencionamos aqui, mas que fizeram a passagem em decorrência da pandemia. Nossa homenagem se estende também aos que ficam. Aos familiares e amigos, e aos profissionais do cinema negro nacional que seguiram e seguem se arriscando cotidianamente no cumprimento de suas atividades.

“Por esse motivo, alterou-se a tradição  de homenagear uma personalidade, evento ou país  de relevância fundamental para os cinemas africanos e da diáspora. Neste ano, o Encontro diante do segundo ano da pandemia mundial de COVID-19 que atinge a todos nós, mas especialmente as populações negras de forma brutal, opta por homenagear a memória daqueles que se foram e a resistência daqueles que permanecem” – finaliza Janaína Oliveira, curadora do Encontro.

Com a temática proposta em 2021, O Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul: Brasil, África, Caribe e Outras Diásporas visa ressaltar o movimento Sankofa de retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro para mostrar como as contribuições históricas não só embasam as narrativas de debate, mas também são estímulos do pensamento da população negra quanto o futuro.  Os curadores, seguirão honrando a memória e o legado de Zózimo, desconstruindo estereótipos e reconstruindo as imagens que as pessoas negras possuem de si. Regado nessa pluralidade e necessidade de movimento para atravessar o momento que vivemos, a 14ª edição Encontro de Cinema Zózimo Bulbul se apresenta de maneira multi plataforma com a exibição de filmes pela Inssaie, atividades formativas “Borrando as Fronteiras” e “Políticas no Olhar”, Oficinas e Pitching.

** ESTE ARTIGO É DE AUTORIA DE COLABORADORES OU ARTICULISTAS DO PORTAL GELEDÉS E NÃO REPRESENTA IDEIAS OU OPINIÕES DO VEÍCULO. PORTAL GELEDÉS OFERECE ESPAÇO PARA VOZES DIVERSAS DA ESFERA PÚBLICA, GARANTINDO ASSIM A PLURALIDADE DO DEBATE NA SOCIEDADE.

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