Erika Hilton recebe visto dos EUA com gênero masculino, cancela viagem e diz que acionará Trump na ONU por transfobia

Visto anterior a definia corretamente como do gênero feminino; parlamentar afirma que ficou com medo do tratamento que receberia na entrada do país

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) - Pedro Ladeira/Folhapress

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) recebeu um visto dos Estados Unidos em que é identificada com o gênero masculino.

A deputada cancelou uma viagem que faria aos EUA neste mês e afirma que acionará o presidente norte-americano, Donald Trump, na ONU (Organização das Nações Unidas) por considerar o caso transfobia e um desrespeito a seus registros civis brasileiros.

Um visto anterior expedido pelo mesmo país em 2023 informava que ela era do gênero feminino, em acordo com a identidade da parlamentar trans.

Ela afirma que apresentou à embaixada norte-americana sua certidão de nascimento e o passaporte diplomático, em que está identificada como mulher, durante o processo para obtenção do novo documento.

“Não se trata apenas de um caso de transfobia. Se trata de um documento sendo rasgado sem o menor tipo de pudor e compromisso. Irei acionar o presidente [dos EUA] Donald Trump judicialmente na ONU e na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Queremos que o Itamaraty chame o embaixador para dar explicações”, diz.

“Me senti violada, desrespeitada e senti as competências do meu país sendo invadidas por uma pessoa completamente alucinada, um homem doente que ocupou a presidência da República dos EUA e se sente dono da verdade. Meus documentos civis brasileiros foram desrespeitados”, prossegue.

A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil ainda não se posicionou sobre o caso.

Erika iria aos Estados Unidos participar no sábado (12) de um painel na Brazil Conference. O evento é organizado pela comunidade brasileira de Harvard e do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). A viagem foi autorizada pela presidência da Câmara dos Deputados como missão oficial da parlamentar ao país.

Ela desistiu de viajar por conta da situação.

“Fiquei preocupada com a tratamento que receberia no aeroporto, das autoridades americanas, tendo em vista que o nome é feminino e o gênero descrito era masculino. Senti medo, para ser sincera. E não aceitei me submeter a esse tipo de coisa”, conta.

“Achei que não merecia, mesmo perdendo uma atividade importante a qual eu gostaria muito de participar, não deveria me submeter a tamanha violência e desrespeito como esse”, diz.

O presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva em seu primeiro dia de governo, em janeiro, reconhecendo apenas os gêneros feminino e masculino.

A ordem estabelece que formulários governamentais que solicitam informações sobre sexo devem oferecer apenas as opções “masculino” ou “feminino”, e não devem pedir informações sobre identidade de gênero.

A parlamentar conta que em nenhum momento preencheu qualquer formulário dando margem para a mudança.

Os Estados Unidos também suspenderam a emissão de passaportes com a marcação de gênero “X” para pessoas que se identificam como não binárias, revertendo medida que havia sido aprovada pelo governo Joe Biden em 2022.

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