Erika Januza fala de racismo em relacionamentos: ‘Ficar escondido, pode; assumir são outros 500’

Atriz Erika Januza Foto: reprodução/vídeo / Fernando Lemos

Há quem questione o uso da palavra empoderamento, mas ela ainda é a que melhor dá conta de explicar a história que você está prestes a ler. É sobre uma mulher de 34 anos que temia cortar o cabelo e perder, com ele, a proteção que criara contra racismo, pressão estética, rejeição e tantas outras memórias infelizes que lhe foram impostas ao longo da vida. Até que, um dia, descobriu sua beleza em meio aos padrões e se apaixonou pelo que viu. Em relato ao EXTRA, a atriz Erika Januza conta como o processo de decisão de cortar o cabelo curtinho a ajudou a lidar com diversas questões.

Por Carla Nascimento, do Extra

Atriz Erika Januza fala de racismo (Foto: Reprodução/vídeo / Fernando Lemos)

Ao adotar o corte ‘Mariazinha’, a mineira enfrentou uma série de fantasmas antiaceitação e, de quebra, encontrou a imagem perfeita para viver a personagem Marina, da novela “Amor de mãe”, uma tenista decidida que corre atrás dos seus objetivos a todo custo – à imagem e semelhança de sua intérprete.

No vídeo gravado para o EXTRA, a atriz fala de como saiu do padrão “meu cabelo precisa ser liso para que eu tenha paz” para “eu me amo de cabelo crespo”, mas acabou caindo em outra armadilha: a de que precisava manter os fios grandes para continuar bonita. Erika analisa, ainda, o peso do machismo e do racismo nesse tipo de escolha e fala da solidão da mulher negra — ou melhor, da sua solidão.

— Eu pensava: “Meu namorado vai me achar feia”; “minha feminilidade não vai existir mais”; “vão me achar com cara de homem”; “mulher negra já é preterida, e com cabelo curto, então, estarei para escanteio”… – enumera a atriz, antes de continuar:

— Posso falar por mim que a mulher negra sempre foi preterida, e é. Sempre me senti (preterida) e ainda me sinto. Não é por ser atriz que todo mundo deseja. Não acho. Não acho mesmo. Sempre fui a menina da escola que saía com as amigas, todo mundo de namoradinho, e eu ficava olhando. Eu sempre fui a sozinha. É aquilo: pra ficar escondido, pode ficar, mas pra sair de mão dada na rua e assumir são outros 500.

Confira o vídeo na íntegra:

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