Erradicação da miséria e da fome – Brasil e países africanos atingem meta da ONU antes do prazo

No total, 38 países reduziram pela metade a população que passa fome, um dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que 38 países já diminuíram o percentual da fome pela metade, atingindo a meta para 2015 de um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (MDG, Millenium Development Goals). Entre os que já atingiram a meta estão o Brasil e mais 11 países africanos. Estabelecida em 2000 pela ONU, a terceira parte do primeiro MDG, que fala sobre erradicação da miséria e da fome, pede que os 192 Estados membros das Nações Unidas reduzam pela metade o percentual da população abaixo do nível mínimo de consumo de calorias, especialmente crianças com menos de cinco anos.

Agricultores organizam colheita em Gana, um dos 18 países que ultrapassaram a meta.
Foto: FAO/Flickr

Entre os 38 países que conseguiram antecipar a meta, 18 foram além do estabelecido e reduziram o número absoluto de desnutridos, considerando o período de 1990-1992 e 2010-2012. Nesse grupo estão Djibuti, Gana e São Tomé e Príncipe, na África; Armênia, Azerbaijão, Kuwait, Quirguistão, Tailândia, Turcomenistão e Vietnã, na Ásia; Cuba, Guiana, Nicarágua, Peru, São Vicente e Granadinas e Venezuela, na América Latina; Samoa, na Oceania; e Geórgia, na Europa.

Na lista dos outros 20 que alcançaram o MDG estão Brasil, Chile, República Dominicana, Honduras, Panamá e Uruguai, nas Américas; Argélia, Angola, Benim, Camarões, Maláui, Níger, Nigéria e Togo, na África; Bangladesh, Camboja, Indonésia, Jordânia e Maldivas, na Ásia; e Fiji, na Oceania.

O diretor-geral da Organização para a Alimentação e Agricultura da ONU (FAO), José Graziano da Silva, comemorou o resultado. “Esses países estão liderando o caminho para um futuro melhor. Eles são a prova de que com uma forte vontade política, coordenação e cooperação é possível conseguir reduções rápidas e duradouras em relação à fome”, disse. Ele também ressaltou que todos os países devem continuar trabalhando para atingir o Desafio Fome Zero, metas mais ambiciosas de erradicação da fome e do desperdício e garantia de produção de alimento sustentável, estabelecido pela ONU na conferência Rio +20, em 2012. “Mundialmente, a fome tem diminuído ao longo da última década, mas 870 milhões de pessoas ainda estão subnutridas e milhões de pessoas sofrem as consequências das deficiências de vitaminas e minerais”, disse o diretor-geral da FAO.

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

Estabelecidos pela Declaração do Milênio, adotada por todos os países membros das Nações Unidas em 2000, os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio unem uma série de compromissos a serem cumpridos até 2015. Eles tratam de grandes desafios da humanidade, como a erradicação da fome e de doenças, a proteção ao meio ambiente e às crianças, o desenvolvimento social e a igualdade.

objetivos-do-milenio

Arte: ONU

Em setembro de 2010, a ONU fez um balanço do progresso dos MDG e determinou um plano de ação global, em união com o Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio (OMC), a Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Programa Mundial de Alimentos (PMA), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Programa de Meio Ambiente da ONU (PNUMA), a Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD), entre outros, para que todos os países alcancem os objetivos até 2015.

A maior parte da ajuda para o MDG é feita com o alívio da dívida de países pobres e na reparação de desastres naturais, porém a ONU quer concentrar os esforços especificamente no desenvolvimento dos países que ainda estão longe de alcançar qualquer uma das oito metas. De acordo com as Nações Unidas, é importante que todos os objetivos ganhem relevância em nível nacional de forma igualitária, adaptados às diferentes realidades de cada país. É fundamental o envolvimento da sociedade civil, bem como dos setores privados, além do governo, para estabelecer estratégias e monitorar o alcance das metas, segundo a ONU.

Os oito objetivos são:

1- A erradicação da extrema pobreza e da fome
A redução pela metade, entre 1990 e 2015, da proporção da população com renda inferior a um dólar por dia e a proporção da população que sofre de fome.

2 – Atingir o ensino básico universal
Assegurar que, até 2015, todas as crianças, de ambos os sexos, terminem um ciclo completo de ensino básico.

3 – Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres
A eliminação da disparidade entre os sexos nos diversos níveis de educação até 2015.

4 – Reduzir a mortalidade infantil
Reduzir em dois terços, entre 1990 e 2015, a mortalidade de crianças menores de cinco anos.

5 – Melhorar a saúde materna
Reduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, a taxa de mortalidade materna.

6 – Combater o HIV/aids, a malária e outras doenças
Até 2015, deter a propagação do HIV/aids e a incidência da malária e de outras doenças importantes.

7 – Garantir a sustentabilidade ambiental
Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e reverter a perda de recursos ambientais.

8 – Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento
Avançar no desenvolvimento de um sistema comercial e financeiro aberto, previsível e não discriminatório.

 

“Você não sabe nada sobre minha história” – Dois Africanos

 

Fonte: Brasil Africa

+ sobre o tema

Polícia dispersa protesto contra a Vale em Moçambique

Policiais dispersaram nesta quarta-feira um protesto de moradores...

Novos rumos na África

Presa na herança estrutural terrível do passado, fragmentada por...

Argélia anula dívida de 12 países africanos

A medida do governo argelino beneficia o Benin,...

para lembrar

Festival da Mulher Afro Latino Americana e Caribenha 2010

LATINIDADES - FESTIVAL DA MULHER AFRO LATINO AMERICANA E...

Kinpa vita: Cimarrona Angola

Por Jesùs Chucho Garcia. Con su fuerza espiritual,...

Vencedora de Prêmio Casa a favor de políticas contra o racismo

A cubana Zuleica Romay, Prêmio Extraordinário de Estudos sobre...
spot_imgspot_img

Um Silva do Brasil e das Áfricas: Alberto da Costa e Silva

Durante muito tempo o continente africano foi visto como um vasto território sem história, aquela com H maiúsculo. Ninguém menos do que Hegel afirmou, ainda no...

Artista afro-cubana recria arte Renascentista com negros como figuras principais

Consideremos as famosas pinturas “A Criação de Adão” de Michelangelo, “O Nascimento de Vênus” de Sandro Botticelli ou “A Última Ceia” de Leonardo da Vinci. Quando...

Com verba cortada, universidades federais não pagarão neste mês bolsas e auxílio que sustenta alunos pobres

Diferentes universidades federais têm anunciado nos últimos dias que, após os cortes realizados pelo governo federal na última sexta-feira, não terão dinheiro para pagar...
-+=