Estudante de medicina da UnB denuncia racismo em shopping do DF

Idosa confirmou para jovem que era racista e ameaçou agredi-lá com uma sandália

A Polícia Civil do Distrito Federal investiga uma denúncia de injúria racial feita pela estudante de medicina da Universidade de Brasília (UnB) Rithyele Souza Silva, 27. Na última sexta-feira (15/10),  a jovem foi até um shopping na área central de Brasília comprar um chip de celular e foi em um caixa eletrônico para sacar dinheiro. Enquanto realizava a transação financeira, uma idosa parou bem próximo a ela, momento em que Rithiele a advertiu. “Pedi por gentileza para ela se afastar, até por segurança sanitária”, disse.

Segundo ela, a mulher agiu com dureza e negou-se. “Ela começou a dizer que gente de satélite (região administrativa) não sabia mexer em caixa. Afirmou que era racista mesmo e que conhecia gente da minha laia”, afirmou a universitária. Incomodada com a situação, Rithiele alertou a idosa de que acionaria a polícia. “Ela começou a rir de mim, mas quando viu que eu não estava brincando, começou a me xingar e a me agredir. Pegou até a sandália para me dar tapas no braço.”

Testemunhas acionaram a polícia, mas a idosa não chegou a ser levada à delegacia. Rithiele registrou boletim na 2ª DP (Asa Norte), que também apura o caso. 

Caso semelhante na Asa Sul 

No mesmo dia que Rithyele sofreu o ataque no shopping, uma cantora negra passou por uma situação semelhante em um restaurante de alto padrão da 108 Sul. A cantora Andresa Sousa, 34 anos, prepara as últimas músicas para encerrar a participação, quando foi atacada verbalmente e até fisicamente por uma mulher.

A cantora conta que duas mulheres que estavam em uma mesa próximo ao palco pediram duas músicas. As clientes foram dançar e uma terceira mulher também chegou. Ao final, Andresa foi aplaudida pelo público. “Estávamos esperando para voltar e as senhoras foram sentar, mas só uma ficou me olhando e chegou em mim e disse: ‘Você cantou a letra errada’. Eu disse que não havia errado, pois era uma música que eu cantava há muito tempo, mas pedi desculpa e falei que iria melhorar meu inglês”, disse.

Segundo Andresa, a mulher continuou a insistir dizendo que ela havia errado a letra. “Chegou uma hora que ela deu dois tapas fortes no meu braço e continuou dizendo que eu precisava aprender a cantar. Nessa hora, eu me espantei, porque isso não é uma atitude comum. Até que ela disse: ‘Essa negra tem que aprender a cantar’. Foi o momento que fiquei bem chateada e saí chorando”, relatou.

Abalada, a cantora foi consolada e apoiada por alguns frequentadores do estabelecimento. A polícia também foi acionada. Andresa registrou boletim de ocorrência por injúria racial na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), que apura o caso.

+ sobre o tema

Por que mandaram matar Marielle Franco? Essa agora, é a pergunta que não se cala…

Seis anos depois e finalmente o assassinato de Marielle...

Mulheres sambistas lançam livro-disco infantil com protagonista negra

Uma menina de 4 anos, chamada de Flor de...

Poesia: Ela gritou Mu-lamb-boooo!

Eita pombagira que riscaseu ponto no chãoJoga o corpo...

para lembrar

Morte de nigeriano agredido na rua na Itália causa revolta e chega a debate eleitoral

O assassinato de um vendedor ambulante nigeriano na última...

Grupo francês divulga medidor de violações aos Direitos Humanos no Brasil

O coletivo Coalizão Solidariedade Brasil, sediado na França, divulgou neste...

Seu Jorge é hostilizado e sofre ataques racistas em show em Porto Alegre

O cantor Seu Jorge foi hostilizado e sofreu ataques racistas da...

Professora chamada de ‘macaca’ em escola de SP critica descaso

A professora Ana Koteban, 41, que trabalha na rede...
spot_imgspot_img

Com a mão erguida e o punho cerrado eu grito: fogo nos eurocêntricos cientistas-cientificistas

A verdade é que esse mundo é uma Ameaça. Uma Ameaça a certas gentes. Uma Ameaça a certas não-gentes. Uma Ameaça a redes, a...

Aluna ganha prêmio ao investigar racismo na história dos dicionários

Os dicionários nem sempre são ferramentas imparciais e isentas, como imaginado. A estudante do 3º ano do ensino médio Franciele de Souza Meira, de...

Colégio afasta professor de história investigado por apologia ao nazismo, racismo e xenofobia

Um professor de história da rede estadual do Paraná foi afastado das funções nesta quinta-feira (18) durante uma investigação que apura apologia ao nazismo, racismo...
-+=