Garoto é aluno do curso de publicidade da Faculdade Cásper Líbero.
Fotos foram divulgadas por alunos da instituição nas redes sociais.
Lívia Machado
Do G1 São Paulo
Um estudante do curso de publicidade da Faculdade Cásper Libero foi amarrado a um poste na Avenida Paulista durante o trote da instituição na manhã desta segunda-feira (10). As fotos do garoto foram divulgadas por alunos da faculdade nas redes sociais. Ao tomar conhecimento do ocorrido, representantes do Centro Acadêmico da Cásper Líbero republicaram as imagens e divulgaram uma nota de repúdio.
Na nota, a faculdade afirma que desde 2009 adotou uma série de medidas para coibir o “trote violento, humilhante, vexatório ou constrangedor”. E lamenta que, mesmo com tais as ações, “alguns alunos acabam por cometer excessos absolutamente inadequados e reprováveis sob todos os aspectos”
Amanda Helena Grecco, presidente do Centro Acadêmico Vladimir Herzog, revela que diversas atividades são propostas aos alunos para combater o trote violento e machista, mas que não há contingente para fiscalizar o que é feito no dia do evento. “A gente trabalhou nessa conscientização, o Centro não faz parte do trote. Todo mundo participa, mas é muito difícil controlar. Infelizmente alguns eventos decepcionaram esse ano.”
Segundo a jovem, o Centro Acadêmico oferece um serviço de chapelaria para os bichos, que é feito no piso superior do prédio que abriga a faculdade. “A gente ficou no térreo alto. E o trote acontece no térreo baixo. A gente não viu esse menino ser amarrado. Infelizmente a Frente [Frente de Luta Feminista Casperiana Lisandra] não viu essa ação acontecendo.”
Ela ainda diz que o Centro Acadêmico pretende identificar os responsáveis e oferecer apoio ao garoto que foi vítima da humilhação. Mas que nenhum boletim de ocorrência havia sido feito até a tarde desta terça.
“Não sabíamos que isso tinha acontecido, mas vamos fazer tudo para que os direitos humanos dele sejam preservados. Em nenhum momento a gente concorda com isso, ninguém apoia esse tipo de atitude. Sabemos que foi do curso de publicidade [os responsáveis pelo trote], do período diurno. Vamos falar com o calouro se ele pretende tomar uma medida. É muito cedo para falar como que vamos agir.”
Além do garoto, algumas meninas tiveram que participar de brincadeiras com pepinos e bananas. O uso de tais alimentos durante o trote, de acordo com a presidente, é antigo. Ela conta que este ano integrantes da Frente de Luta Feminista Casperiana, movimento também criado por alunos da faculdade, chegaram a jogar fora pepinos encontrados com alunos para evitar constrangimento. Ainda assim, fotos de calouras manipulando os alimentos circulam pelas redes sociais.
“[tentamos] Tirar das mãos das pessoas, não deixar cortar a roupa, não dar bebida. [Mas isso] não é um problema da Cásper. É uma sociedade patriarcal, machista, homofóbica. A gente tenta fazer uma patrulha, mas é difícil. Na medida do possível a gente está tentando conscientizar.”
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Fonte: G1