Nunca antes tantos fatos envolvendo violência policial ganharam repercussão como nos últimos dias. Em um dos mais recentes, Mauro Rogério Silva Dos Santos, advogado, negro, morador de Caxias do Sul, RS, sentiu na pele esta intolerância.
Do Hypeness
Na última quarta-feira (31), após o final dos protestos que aconteciam em apoio a Dilma Rousseff, o advogado – que não participava do ato – foi agredido por um grupo de policiais no centro da cidade gaúcha.
O protesto já havia acabado quando Santos chegou ao centro da cidade a pedido do filho, que junto com um grupo de jovens, assistia a abordagem policial a uma mulher e a um adolescente, apontados como autores de pichações contra o atual presidente, Michel Temer (PMDB). As pichações chamavam Temer de “golpista”. Segundo Mauro, ao se identificar como advogado aos policiais, teria ouvido como resposta: “aqui o senhor não é advogado”. Quando tentou conversar com um dos agentes na tentativa de descobrir os nomes das pessoas que estavam sendo levados presos as agressões começaram.
Um vídeo flagrou o momento das agressões e mostra os militares jogando Mauro no chão e desferindo golpes de cassetete na tentativa de imobilizá-lo. O filho do advogado que estava presente no momento, foi filmado chutando a cabeça de um dos PMs que agredia seu pai.
Tanto Mauro quanto seu filho foram presos mas no momento já foram liberados. O advogado está sendo investigado por lesão corporal grave, desacato e resistência e seu filho, estudante universitário e ex-atleta de canoagem, por tentativa de homicídio. O advogado ainda chegou a relatar ter sido torturado quando foi levado para a Delegacia de Pronto Atendimento de Caxias do Sul.
Mauro descreveu o que aconteceu em uma publicação no Facebook:
O vídeo até o momento já foi assistido por mais de 4 milhões de pessoas e, através dos comentários, milhares de internautas escreveram mensagens de apoio ao advogado e publicaram imagens protestando.
Com a repercussão, Mauro escreveu outro comunicado em sua página o Facebook afirmando estar correndo risco de vida.
“Amigos, eu e meu filho estamos marcados para morrer. As notícias que nos chegam não são boas. A informação é de que a guarnição que nos abordou na noite de ontem é uma guarnição de Porto Alegre deslocada para Caxias. A mesma é especializada em produzir óbitos. Amanhã ou depois, eu e meu filho iremos aparecer mortos em uma condição que nos fará parecer bandidos. Não tememos, se for o preço a pagar por um Brasil livre e justo, que assim seja. Agradecemos antecipadamente à solidariedade que vem de todo o Brasil” (publicação original aqui)
Segundo o delegado Rodrigo Duarte, da Delegacia de Homicídios de Caxias do Sul, os policias teriam reagido depois que o advogado deu uma cabeçada em um dos soldados, quebrando seus dentes. De acordo com o delegado, o vídeo divulgado nas redes sociais não mostra o momento da agressão feita pelo advogado. Até agora, os policiais envolvidos na cena não receberam punição, mas Brigada Militar abriu inquérito policial militar para apurar a conduta dos policiais.