Experiência do Curumim em reunião da ONU

Nos próximos dias 18 e 19 de setembro, o trabalho da ONG pernambucana Grupo Curumim junto às parteiras tradicionais do Brasil será apresentado como experiência exitosa de melhoria de atenção à saúde da mulher em reunião organizada por agências das Nações Unidas, em Nova York. A Dra. Sandra Valongueiro, pesquisadora da UFPE, fará a apresentação. O encontro tem como objetivo discutir dois dos principais desafios para os países alcançarem as Metas de Desenvolvimento do Milênio (ODM), a redução da mortalidade materna e da mortalidade infantil. A reunião também visa convocar atores-chave de diversos países que podem acelerar a qualidade da atenção à saúde reprodutiva e neonatal, especialmente através de programas com parteiras tradicionais nas comunidades, o que abarcaria as áreas de obstetrícia, planejamento familiar e de prevenção de HIV / DSTs. Os participantes são os chefes das agências da ONU; Ministros da Saúde; representantes da sociedade civil, particularmente de organizações de mulheres e profissionais de saúde.

A reunião – As agências do sistema ONU estão convidando em especial oito países (Afeganistão, Bangladesh, República Democrática do Congo, Etiópia, Índia, Moçambique, Nigéria e República Unida da Tanzânia), os quais apresentam elevados índices de morte materna e infantil. Usando dados de sete destes países, os participantes vão discutir meios para preencher lacunas financeiras, material e em recursos humanos. O objetivo é que os países estejam suficientemente financiados e apoiados para implementar intervenções de enfrentamento do problema, o que inclui o envolvimento das mulheres no desenvolvimento destas soluções. O avanço desses países poderia prevenir cerca de 4,1 milhões de mortes de crianças menores de cinco anos de idade e cerca de 195.000 mortes maternas a cada ano.

O trabalho com parteiras – Há mais de duas décadas, o Grupo Curumim desenvolve o programa Parteira. Este incide nas definições de políticas públicas de saúde do país para a inclusão do parto domiciliar assistidos por parteiras tradicionais no conjunto da atenção integral à saúde da mulher no Brasil. O projeto já trabalhou com mais de duas mil parteiras tradicionais, indígenas, quilombolas e Agentes Comunitários de Saúde (ACS) nos estados do Acre, Amazônia, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins, Mato Grosso, Góias, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais e Paraná.

“O trabalho com as parteiras tradicionais é importante para que as ações de saúde reprodutiva e especialmente obstétrica, propostas pelos governos, tenham adesão da comunidade, já que as parteiras em suas localidades representam uma importante liderança. O trabalho com parteiras tradicionais que o Grupo Curumim propõe visa fazer com que as parteiras tradicionais sejam um elo entre os serviços públicos de saúde e a comunidade”, afirma Paula Viana, coordenadora do programa Parteiras, do Grupo Curumim.

Pesquisa do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) revela que o mundo tem carência de cerca de 350 mil parteiras, resultando na morte desnecessária de milhares de mulheres e de aproximadamente um milhão de bebês todos os anos. A organização Save the Children, por sua vez, calcula em 48 milhões o número de mulheres que, anualmente, dão à luz sem auxílio adequado, aumentando os riscos de morte tanto da mãe quanto do recém-nascido.

Fonte: Enviado por Jurema Werneck

+ sobre o tema

Confissões de uma mulher em crise

Acredito que muitas pessoas passem por crises existenciais em...

Família real britânica terá seu primeiro casamento gay

Primo da rainha Elizabeth II será conduzido no altar pela...

Técnica de enfermagem é morta por ex com mais de 50 facadas na frente da filha

Vítima foi atacada quando buscava dinheiro da escola da...

Quem vestiu a Globeleza?

Enviado para o Portal Geledés Engana-se os que acham que...

para lembrar

‘Meu útero foi removido sem eu saber e só descobri 11 anos depois’

Uma mulher sul-africana contou à BBC como ela foi...

Machismo: por que os médicos não acreditam em mim?

A situação da saúde no Brasil é conhecida pela...

Vilma Reis: “Nós, mulheres e homens negros, estamos na linha de tiro”

Vilma Reis, socióloga e ouvidora-geral da Defensoria Pública do...

Afetividade perpassa por gênero, raça e classe, afirma Stephanie Ribeiro

A ativista Stephanie Ribeiro, em entrevista ao Alma Preta,...
spot_imgspot_img

Sueli Carneiro analisa as raízes do racismo estrutural em aula aberta na FEA-USP

Na tarde da última quarta-feira (18), a Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP) foi palco de uma...

O combate ao racismo e o papel das mulheres negras

No dia 21 de março de 1960, cerca de 20 mil pessoas negras se encontraram no bairro de Sharpeville, em Joanesburgo, África do Sul,...

Ativistas do mundo participam do Lançamento do Comitê Global da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver

As mulheres negras do Brasil estão se organizando e fortalecendo alianças internacionais para a realização da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem...
-+=