Feminismo entra de vez na pauta por meio de artistas na internet

Conjunto amplo de movimentos e teorias, o feminismo tem sido cada vez mais introduzido em debates populares. Pelas ruas, termos como misoginia e patriarcado são ouvidos com frequência. Em parte porque artistas, pensadoras e influenciadoras digitais ganham consciência do potencial de transformação social e cultural do movimento, difundindo-o e levantando bandeiras para além das fronteiras acadêmicas ou políticas, onde se situou desde o início, na década de 1960, na luta por direitos iguais.

Do Pbagora

Presente no cotidiano feminino de forma mais constante — e também no masculino, por homens que defendem o fim do machismo —, o movimento é heterogêneo e tem diferentes faces. Conheça-as melhor e entenda por que, culturalmente, o termo está tão pop.

#meuprimeiroassédio A atriz Letícia Sabatella e a apresentadora Paola Carosella foram algumas das artistas que entraram na campanha virtual #meuprimeiroassédio, promovido pelo coletivo feminista Think Olga em resposta aos ataques pedófilos sofridos por uma participante do programa MasterChef Júnior. Os relatos de famosas se juntaram aos de blogueiras, escritoras e mulheres comuns. Um dos desabafos mais impactantes foi feito pela vloger Jout Jout no vídeo Vamos fazer um escândalo, que ganhou apoio do Google e, até agora, acumula mais de 1 milhão de visualizações.

“Quanto mais você falar, colocar isso para fora e ajudar outras pessoas que também estão com essa fala engasgada, ótimo. É bom termos quem tem coragem e pode falar sobre, mas também precisamos entender quem não quer se expor. É uma questão muito delicada”, comenta a jornalista. Em breve, os depoimentos virtuais virarão um e-book e um documentário, ambos organizados por Giovanna Dealtry, professora de literatura da Uerj, no Rio de Janeiro.

A web como ferramenta

Indubitavelmente, a internet tem sido uma porta de entrada para uma nova geração de feministas. Trata-se de um grande número de mulheres que não necessariamente tiveram contato com livros de Simone de Beauvoir, mas que foram expostas e se fascinaram pelo movimento pelo que leram em sites, blogs e páginas virtuais. Foi o que aconteceu com Jéssica Ferrara e Nathalia Levy, universitárias paulistas de 22 anos. Depois de trabalhar em revistas femininas, elas passaram a se incomodar com questões como a representação da mulher nesse tipo de publicação.

“Queríamos problematizar questões como: por que termos que fazer dieta, alisar o cabelo?”, indaga Jéssica. Há alguns meses, as duas jovens criaram a página e o site Tinha que ser mulher, um observatório de mídia feminista. “Escrevemos para a nossa faixa etária. Sabemos que existe o feminismo acadêmico, mas também pensamos nas meninas de 15 anos que ainda se preocupam em agradar garotos”, comenta Jéssica, que se diz inspirada em outras publicações virtuais, como o Think Olga, a revista Azmina e o site Lugar de mulher.

Assédio em baladas

As festas estão entre os lugares em que as mulheres se sentem mais expostas e vulneráveis e, ao mesmo tempo, é um local que, na maioria das vezes, não está preparado para lidar com a violência contra as mulheres, seja ela física seja moral por meio das cantadas. Nos últimos meses, a Influenza Produções fez uma roda de bate-papo para discutir o tema na noite brasiliense.

A iniciativa veio após denúncias pelas redes sociais de casos de violência contra a mulher em um dos eventos da produtora. “Concluímos que muitas meninas são violentadas e não têm ideia, elas acham que é normal, por exemplo, um cara a beijar à força. Começamos a implantar uma central de atendimento, com uma mulher para orientar a vítima e tomar precauções”, conta Ana Paula Camps, uma das integrantes da Influenza. A produtora também fará uma campanha a partir de 25 de novembro, dia internacional da não violência contra a mulher.

A Ostara Produções, formada apenas por mulheres, também resolveu investir em opções noturnas com mais segurança e com o intuito de incentivar o consumo de arte produzida por mulheres. Assim surgiu a Vibe das Minaz, que terá a primeira edição em 12 de dezembro. “Promover campanhas para inibir comportamento machista e dar espaço para as mulheres em todos os níveis necessários para se produzir uma festa é uma forma de combater esste problema”, defende a produtora e DJ Ostara.

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Geledés Instituto da Mulher Negra
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