A filósofa Sueli Carneiro , uma das principais teóricas do feminismo negro do Brasil, será a Personalidade Literária do Ano a ser homenageada na 64ª edição do Prêmio Jabuti. O anúncio foi feito na manhã desta terça-feira (29) em coletiva de imprensa realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), que promove a premiação, a mais prestigiosa das letras brasileiras. Este ano, a cerimônia de entrega dos prêmios voltará a ocorrer presencialmente após dois anos de edições virtuais . A festa, que também será transmitida pela internet, acontecerá em novembro, embora a data e o local ainda não tenham sido definidos.
Fundadora do Geledés — Instituto da Mulher Negra e autora de livros como “Escrito de uma vida” e “Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil” , Carneiro luta há décadas por políticas públicas para a população negra, como a implementação das cotas raciais e a demarcação de terras quilombolas. A filósofa é a primeira autora de não ficção eleita Personalidade Literária do Ano, distinção já concedida a poetas e romancistas como Thiago de Mello , Adélia Prado, Conceição Evaristo e Ignácio de Loyola Brandão.
“Com muita esperança, homenageamos a trajetória e a obra de Sueli Carneiro. Ela é referência mundial não só de pesquisadora e intelectual orgânica, mas também nosso grande exemplo de escritora afeita ao debate aberto e franco, um modelo para quem busca um pensamento de práxis agregadoras. Em torno dela, na cerimônia, veremos reunirem-se muitas das forças culturais que buscam construir o Brasil plural que desejamos”, afirmou o curador do prêmio, Marcos Marcionilo, em nota divulgada após a coletiva.
Elogio à Semana de 22
Para homenagear o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 , o Jabuti convidou cinco grafiteiros, de todas as regiões do país , para repaginar a identidade visual do prêmio. São eles: o amazonense Raí, a cearense Tereza de Quinta, o mato-grossense Rafael Jonnier, o paulista Ciro Schumann e o gaúcho Marcelo Pax. Segundo Marcionilo, a escolha dos grafiteiros foi influenciada pela Antropofagia modernista , que pregava a canibalização de referências estrangeiras na construção da identidade nacional.
— Ao assumir o grafite, retomamos a Semana de 22 e a Antropofagia dos modernistas, que é capaz de mover nosso pensamento e nossa arte — afirmou o curador. — O grafite brasileiro é reconhecido no mundo todo e é desejo do Jabuti assimilá-lo e assemelhá-lo às nossas literaturas.
Também foram anunciadas mudanças em duas categorias. A antiga Biografia, Documentário e Reportagem foi renomeada Biografia e Reportagem. E a categoria Ciências Humanas passa a considerar também obras de crítica literária. O Jabuti conta com quatro eixos (Literatura, Não Ficção, Produção Editorial e Inovação) e 20 categorias. Cada um dos premiados receberá uma estatueta e R$ 5 mil. Os vencedores das categorias dos eixos Literatura e Não Ficção concorrem ao Livro do Ano, cujo prêmio é de R$ 100 mil. No início do ano, jurados do prêmio reclamaram ao GLOBO do processo de escolha “quase aleatório” do Livro do Ano .
As inscrições do Prêmio Jabuti começam às 12h desta terça-feira no Portal de Serviços da CBL e se estendem até às 18h do dia 26 de maio. Pelo sexto ano consecutivo, os valores das inscrições não formam alterados e variam entre R$ 285,00 e R$ 515,00. Haverá desconto de 10% para todas as inscrições realizadas nos próximos 30 dias.
Presidido por Marcos Marciolino, sódio da Parábola Editorial, o conselho curador do Jabuti também é composto por Bel Santos-Mayer, Camile Mendrot, Luiz Gonzaga Godoi Trigo e Rodrigo Casarin.
Confira os eixos e categorias no Prêmio Jabuti:
– Eixo Literatura (oito categorias): Conto; Crônica; HQ; Infantil; Juvenil; Poesia, Romance Literário; Romance de Entretenimento.
– Eixo Não Ficção (seis): Artes; Biografia, Documentário e Reportagem; Ciências; Ciências Humanas; Ciências Sociais; Economia Criativa;
– Eixo Produção Editorial (quatro categorias): Capa; Ilustração; Projeto Gráfico; Tradução;
– Eixo Inovação (duas categorias): Fomento à Leitura; Livro Brasileiro Publicado no Exterior.