Fundação Tide Setubal: Alas visa formação e liderança de pessoas negras

Fundação Tide Setubal lança a plataforma Alas (Apoio ao Desenvolvimento de Lideranças Negras) visando a promoção da diversidade racial em organizações

Com o objetivo de formar e fortalecer pessoas negras e aumentar a diversidade racial em espaços de decisão, a Fundação Tide Setubal lança a plataforma Alas (Apoio ao Desenvolvimento de Lideranças Negras), que na prática visa realizar aporte financeiro e oportunidades de aprendizagem.

A inciativa propõe um pacto coletivo pela equidade, na medida em que estimula toda a sociedade e lideranças brancas a apoiarem a população negra e a promoverem a diversidade racial nos espaços onde atuam, por meio de formações e fortalecimento e de mudanças organizacionais.

Três pilares estratégicos estruturam a iniciativa: Asas, Elos e Caminhos. O primeiro atende jovens do ensino médio e recém-formados de 16 a 24 anos que passam por diferentes formações no intuito de inspirá-los para o exercício de liderança. O segundo cria pontes entre lideranças e universidades para cursos de graduação ou mestrado ou espaços de formação para gestão pública, por exemplo. E o terceiro aprimora competências e habilidades das lideranças negras que já estão mais estabelecidas no mercado, financiando com até R$ 15 mil desde cursos livres, pós-graduações e intercâmbios até fonoaudiólogos e psicólogos, a depender da necessidade específica do candidato.

A seleção é realizada por meio de editais que terão as informações disponibilizadas na plataforma. A iniciativa conta com as seguintes instituições parceiras: Fundação Getulio Vargas, GOYN, Imaginable Futures, Insper, Instituto Ibirapitanga, Instituto Singularidades, Open Society, Porticus América Latina e Vetor Brasil.

Vetor, FGV, Singularidades, Insper e GOYN participam com projetos. Já o Ibirapitanga, Open Society, Porticus e Imaginable Futures apoiam a Alas com recurso financeiro. A FGV oferece bolsas para cursos de graduação e mestrado, o Insper, bolsas para cursinho preparatório para o vestibular e o Instituto Singularidades, bolsas de graduação. No caso da FGV, a instituição paga metade das mensalidades e, quanto ao Insper, após a aprovação no vestibular, os jovens concorrem ao programa de bolsas da instituição.

Para obter mais informações, é preciso preencher um formulário na plataforma e, assim, sempre que novas oportunidades estiverem disponíveis, os inscritos serão notificados via e-mail. Os interessados devem então procurar diretamente as instituições que estão oferecendo os projetos, como o lançamento de editais periódicos.

Candidatos às bolsas da FGV e do Singularidades, por exemplo, precisam se inscrever e passar no vestibular das instituições no fim do ano para acessarem os benefícios. Já para obter uma bolsa para o cursinho preparatório para o vestibular do Insper, deve-se contatar a Educafro, que oferta a formação.

O Vetor Brasil, por sua vez, já está com inscrições abertas para suas bolsas do programa de trainee de gestão pública. Ainda em outubro, será lançado pela plataforma o edital Traços com apoios individuais de R$ 15 mil para fortalecer lideranças dos campos político e jurídico.

Apoio

Pessoas físicas e jurídicas também podem participar da Alas doando para as campanhas de matchfunding da plataforma: https://www.plataformaalas.org.br/. Quanto maior a arrecadação, maior o número de lideranças negras apoiadas em suas trajetórias.

As doações podem ser direcionadas para o Fundo ou diretamente para uma das iniciativas, por meio do financiamento coletivo, realizado em parceria com a Benfeitoria. Para cada R$ 1 doado, o fundo Alas investe mais R$ 2 em cada ação, triplicando as doações obtidas. Além disso, 5% de tudo o que for captado via plataforma serão destinados para o Fundo Baobá, primeiro fundo no Brasil que promove a equidade racial no país.

Além de conectar pessoas negras a oportunidades e de oferecer recursos para o desenvolvimento em suas trajetórias, a Alas visa expandir sua atuação por meio da adesão de novos parceiros, com o foco na capacitação dos profissionais dessas organizações.

Para isso, a iniciativa convida e instiga diversas organizações a discutirem e a implementarem uma política de diversidade racial em suas próprias instituições que de fato promova a inclusão e não meramente a inserção de pessoas negras.

“A ideia é que, a cada novo apoiador da plataforma, um exercício de olhar da porta para dentro seja feito. Ou seja, estimularemos a reflexão sobre de que modo as instituições estão olhando para a diversidade no seu quadro de colaboradores. Se for uma universidade, no seu quadro de professores e assim por diante. Então, além da bolsa, esses parceiros precisam se comprometer internamente e se questionar: há pessoas negras em cargos de decisão nos nossos espaços?”, diz Viviane Soranso, coordenadora do Programa Raça e Gênero da Fundação.

Um piloto, realizado em 2019 e 2020, já selecionou e apoiou 31 lideranças negras de todo o país, de diferentes idades, formações, necessidades e expectativas. Entre os beneficiados pelo edital Caminhos está a graduanda em engenharia civil mineira, Ana Luiza Nascimento Silva, que realizará um intercâmbio de estudos em 2022.

“É um sonho de quase dez anos. Ainda na adolescência sonhava com essa possibilidade. Quando iniciei meus estudos, o programa Ciências Sem Fronteiras foi cortado. Eu não desisti. Realizei alguns processos seletivos, mas, somente agora, com o apoio da Fundação, isso se materializou”, diz.

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