A Fundação Tide Setubal e o Itaú Cultural lançam em 8 de novembro a plataforma Ancestralidades (www.ancestralidades.org.br), que traz um conjunto estruturado de informações sobre as heranças culturais do Brasil, iniciando pela temática afro-brasileira.
O lançamento conta com o encontro online Perspectivas das Ancestralidades Negras, transmitido pelo YouTube do Itaú Cultural, reunindo Eduardo Oliveira, filósofo e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a escritora Ana Maria Gonçalves, a filósofa Sueli Carneiro e o músico Tiganá Santana. Os três últimos integram o conselho do projeto. É o primeiro de uma série de encontros que serão denominados Bongola, expressão que na língua de tronco africano bantu kimbundu remete a reunião.
A plataforma Ancestralidades tem como proposta difundir, gerar intercâmbios e potencializar diversos conteúdos sobre a temática que dá nome ao projeto. É composto por três eixos temáticos – Arte e Cultura, Democracia e Direitos Humanos, e Ciência e Tecnologia –, que serão apresentados ao público em uma série de dois encontros sobre cada eixo.
Ao longo do mês de novembro, marcando o lançamento, o Itaú Cultural organiza uma programação especial, que inclui, além de encontros, apresentações musicais e lives sobre cinema negro (veja no anexo). Em paralelo, 30 agentes mobilizadores participam de uma formação com os conselheiros da plataforma – pela qual receberão uma bolsa -, para que possam também contribuir com os debates e pontos levantados durante os encontros Bongola, tendo em vista as ações futuras.
Por meio de navegação amigável, a plataforma Ancestralidades disponibiliza para consultas verbetes sobre as raízes afro-brasileiras, acervo que será acrescido ao longo do tempo. Com a proposta de formar e criar repertórios sobre o assunto, apresenta biografias e trajetórias de personalidades negras e suas histórias, listagem dos marcos históricos desde o início do século XVI e conceitos sobre o tema, como raça, gênero, quilombo, afrofuturismo, entre outros, assim como espaços para cursos.
Uma equipe de pesquisadores multidisciplinar do Afro (Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial), do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), assina parte da produção dos verbetes da plataforma. Trata-se de um núcleo de pesquisa, formação e difusão da temática racial que colabora para qualificar o debate público e fortalecer a agenda de direitos humanos e da democracia, sobretudo em relação à justiça e à igualdade racial e de gênero. A produção do conteúdo conta, ainda, com verbetes de arte e cultura da Enciclopédia Itaú Cultural. A coordenação geral é realizada pela Fundação Tide Setubal e o Itaú Cultural.
A plataforma adota um conceito visual de circularidade, remetendo às marcas das expressões religiosas e culturais negras e afro-brasileiras no qual a roda, o giro e o círculo são partes importantes tanto estética quanto simbólica.
Assim, a plataforma foi pensada de modo em que se pode ir do século XXI para trás, mas ao mesmo tempo aponta demandas e desafios do futuro. Propõe, portanto, o olhar do presente que resgata o passado e lança para os dias que ainda virão. Ao longo do ano, o espaço contará com novas narrativas emergentes sobre os três eixos, além de política, ambiente, sociedade, tecnologia, economia e legislação, com temas que mais sobressaírem nas redes e mídias e que emanam novas narrativas do presente para a questão negra.