Gênero, raça e ascenção social

Sueli Carneiro

por Sueli Carneiro

ASHELL ASHELL PRA TODO MUNDO ASHELL

Ela mora num Brasil

mas trabalha em outro Brasil

Ela bonita saiu Perguntaram Você quer vender bombril”

Ela disse não

Era carnaval Ela não-passista sumiu

Perguntaram empresta tuas pernas bunda e

quadris para um clip exportação”

Ela disse não

Ela dormiu Sonhou penteando os gabelas sem querer

se fazendo um cafune sem querer

Perguntaram você quer vender henê”

Elo disse nããão

Ficou naquele não durmo nãto faio não como

Perguntaram Você quer vender omo”

Ela disse NÃO’

Ela viu um anuncio da cônsul para todas as mulheres do mundo

Procurou não se achou ali Ela era nenhuma

Tinha destino de preto

Quis mudar de Brasil ser modelo em Soweto

Queria ser qualidade Ficou naquele ou eu morro ou eu luto

Disseram As vezes um negro compromete o produto

Ficou so Ligou a tv

Tentou achar algum ponto em comum entre ela e o free

Nenhum

A não ser que amanhecesse loira cabelos de seda shampoo

 mas a sua cor continua a mesmal

Ela sofreu eu sofri eu vi

Pra fazer anuncio de free tenho que ser free ela disse

Tenho que ser sabia tinhosa sutil

Ir a luta sem ser martir

Luther marketing

Luther marketing In Brasil’

(Elisa Luanda Da serie Brasil meu espartilho )

Para o antropologo Georges Balandier o principio da sexualidade ou a ideia da unidade dos contrarios estrutura toda a concepção indica negro africana desdobrando se nas instituições e relações sociais. Essas relações são pensadas em primeiro lugar por analogia com a união que associa os sexos generalizando o casamento das diferenças ou dos contrarios e gerando o dualismo sexualizado como modo de interpretação e de construção real ou simbolica do mundo e da sociedade.

E conforme esse modelo que se formam as relações entre grupos considerados estrangeiros  sob certos aspectos A troca de mulheres estabelece sua aliança concebida no âmbito das coletividades como o casamento de dois elementos diferentes e por consequência opostos de dois grupos que se podem dizer respectivamente masculino e feminino tal como se revela pelo exemplo dos Fang gaboneses e dos Camarões. 2

Esta visão de mundo dos Fang gaboneses talvez possa nos oferecer novas pistas para encontrar outras respostas a uma questão recentemente colocada em debate por um texto de Joel Rufino dos Santos no qual ele pretende explicar “Por que os negros que sobem na vida arranjam logo uma branca e de preferência loira?”

O texto de Balandier citado acima particularmente no que diz respeito ao sentido que as trocas de mulheres têm na regulação das relações entre grupos diferentes nas sociedades africanas poderia sugerir um outro tftulo para este artigo qual seja A Africanidade de Joel Rufino. Deixamos esta escolha ao leitor. Você decide.

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Gênero, raça e ascenção social

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